Jorge Jesus tirou uma carta da manga para resolver um problema no lado esquerdo da defesa do Sporting e fez magia com os leões a golearem o sensacional Arouca com um dos resultados mais expressivos da temporada (5-1). Uma vitória categórica que permite ao Sporting chegar de novo ao topo da classificação e destacar-se como o único dos grandes a passar incólume diante da equipa de Lito Vidigal, com duas vitórias. Dois golos tirados a papel químico de pontapés de canto de Bruno César, ambos com finalização de Téo Gutiérrez, outros dois a coroar uma grande noite de João Mário e ainda outro de Bryan Ruiz. Esta noite nem foi preciso recorrer a Slimani que até passou ao lado do jogo.

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Um resultado de todo imprevisível diante de um Arouca que se vinha a destacar como a grande sensação da Liga com uma série de oito jogos a pontuar, quase dois meses sem derrotas, que lhe valeram a ascensão ao quinto lugar a consequente candidatura à Europa. Um Arouca que até entrou bem no jogo, equilibrado, a pressionar alto e a colocar problemas ao Sporting que tinha entrado em campo com uma defesa de recurso, com Bruno César, perante as ausências de Zeegelaar (castigado) e Jefferson (lesionado), a fechar o flanco esquerdo.

O jogo até estava equilibrado, com o Arouca a colocar problemas nas transições do leões, com o trio do meio-campo a exercer forte pressão, mas o primeiro desequilíbrio surgiu, ainda antes dos quinze minutos, num lance de bola parada. Pontapé de canto de Bruno César, Coates desvia de cabeça nas alturas e Téo emenda junto ao segundo poste. Estava aberto o caminho para a goleada. É verdade que o Arouca podia ter empatado logo a seguir, num lance em que Walter González, lançado por Ivo Rodrigues, surgiu destacado diante de Patrício, mas o guarda-redes do Sporting defendeu e, na resposta, os leões voltaram a marcar.

Mais um golo a nascer dos pés de Bruno César. Lançamento longo para a corrida de Téo Gutiérrez que percorreu meio campo antes de passar atrasado para o coração da área onde surgiu João Mário a atirar para o segundo da noite, três minutos depois do primeiro. Estava aberta também uma grande noite para João Mário. Este segundo golo provocou mais danos no Arouca que, por largos minutos, perdeu totalmente o equilíbrio, dividido entre manter a consistência ou arriscar um pouco mais na procura de um golo que lhe permitisse voltar a entrar no jogo.

Um período em que o Sporting teve muito espaço e criou sucessivas oportunidades para voltar a marcar, com as bancadas em festa, com particular destaque para a claque «Juve Leo» que este sábado festejou quarenta anos. João Mário contou com mais duas oportunidades soberanas para voltar a marcar, com destaque para a primeira, depois de uma assistência de Slimani de calcanhar, mas acabou por bisar à terceira tentativa, aos 31 minutos, depois de uma arrancada de Adrien que levou tudo à frente até à entrada da área, antes de assistir o «artista» da noite, que voltou a bater Bracali com um espetacular remate em arco.

A fechar a primeira parte, mais um golo para o Sporting, tirado a papel químico do primeiro. Outra vez canto de Bruno César sobre a esquerda, desta vez com William a desviar nas alturas, para nova emenda de Téo Gutiérrez junto ao segundo poste. Um leão que chegava confiante e de barriga cheia ao intervalo. Um leão que tinha tirado máximo rendimento de duas boas alas, com Schelotto a combinar bem com João Mário sobre a direita, e sobretudo na esquerda, com Bruno César a oferecer muito jogo a Bryan Ruiz e a Téo. Com estas alas, nem foi preciso Slimani que, como já dissemos, esteve muito apagado esta noite.

Olha o Slimani...

Lito Vidigal ainda tentou agitar as águas no início da segunda parte, lançando de uma assentada Albín e Maurides, desviando Gégé para o eixo da defesa. O início voltou a ser animado, com parada e resposta, mas com um Sporting, agora mais paciente, sempre equilibrado, à espera de uma oportunidade para matar o jogo, se já não estava morto. Tal como na primeira parte, o Arouca voltou a ameaçar as redes do Sporting, num rápido contra-ataque, conduzido por Maurides, mas Patrício [apesar do resultado dizer o contrário, foi determinante] defendeu o remate de Lucas Lima e, na resposta, o Sporting chegou aos 5-0, desta vez com a participação de Slimani. Mais um lance desenhado por João Mário, com a bola a passar pelos pés do argelino, antes do remate certeiro de Bryan Ruiz.

Agora sim, estava tudo mais do que resolvido e Jorge Jesus mexeu na equipa, abdicando de Slimani [não foi desta que chegou aos 50 golos pelo Sporting] e Adrien, para lançar Barcos e Aquilani. Faltavam ainda mais de vinte minutos para o final e os leões procuravam agora jogar para a nota artística e Bryan Ruiz falhou o sexto por exagerar no requinte. O Arouca, por seu lado, continuava de mangas arregaçadas e chegou ao golo de honra depois de um bom cruzamento de Lucas Lima para a cabeçada de Gêgê, desta vez sem hipóteses para Patrício.

Até final, Rui Patrício voltou a brilhar para abafar uma bomba de Ivo Rodrigues, mas Gelson também desperdiçou um golo feito, a fechar um dos lances mais bonitos da noite. Numa grande noite de futebol, com Alvalade a pedir «um Sporting campeão», William ainda teve uma boa oportunidade para chegar ao sexto que acabou por não chegar.

Tal como na semana passada, o Sporting cumpriu a sua parte e agora fica à espera para saber o que o Benfica vai fazer no Bessa este domingo.

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