Com a pré-época a meio, o Maisfutebol fez uma breve análise ao que já se viu e às necessidades dos três grandes. Nesta altura, nada é definitivo, mas há sempre conclusões a tirar. Eis o Benfica:

O que já se viu? Sinais de contraste

Um empate e uma vitória são o resultado das aparições públicas do tricampeão nacional. A pré-temporada é, provavelmente, a única altura em que as exibições contam mais do que os resultados e, nessa medida, as águias mostram bons indícios coletivos, com Rui Vitória a manter o 4x4x2. A defesa apresentou um nível de organização bastante interessante para esta fase, mesmo que V. Setúbal e Derby County provoquem menos problemas do que adversários de Liga dos Campeões, por onde o Benfica também vai andar. No resto, nunca a luta por um lugar na defesa encarnada foi tão acesa nos últimos anos e só mesmo o estatuto de Luisão o pode isolar dos demais. Uma saída com o peso de Nico Gaitán pode explicar a quantidade de extremos que o plantel tem. Nesta fase ainda precoce, a primeira conclusão a tirar é que o Benfica acautelou-se em quantidade. No ataque, os 61 golos de Jonas e Mitroglou em conjunto são base suficiente para que ambos apontem à titularidade. Pela época passada, Jiménez partirá na segunda linha da grelha. Nenhum dos três jogou ainda, mas adivinha-se que só haverá espaço na equipa A para mais um.

O que é preciso? Um (ou outro) 8

Da análise feita, falta abordar o miolo do meio-campo. Há Fejsa, Samaris, Celis, Horta e Talisca. O sérvio está de pedra e cal, caso resista a lesões e ao falado assédio da Fiorentina. Celis é um dos novos e parece que Rui Vitória o vê como um 6. Embora seja cedo para falar sobre o colombiano, em dois jogos mostrou rapidez no ataque à perda de bola e uma boa relação com o passe. Samaris assegura que o Benfica tem opções suficientes para médio-defensivo.

Eis o problema, então: Renato Sanches saiu e abriu uma vaga no onze titular. Talisca não fez um minuto; Pizzi mostrou-se melhor a jogar pela direita e a vir ao interior, do que partir daqui para as alas. André Horta terá deixado água na boca aos adeptos. A dúvida, no entanto, é legítima: pode o campeão nacional entregar de novo a posição 8 a um jogador de tão tenra idade? Os 19 anos de Horta não devem impedir Rui Vitória, como fez com os 18 de Renato Sanches, de o lançar no onze se o ex-V. Setúbal demonstrar qualidade para isso. Ainda assim, parecem curtas as opções nesse lugar. Se Horta for primeira opção, quem fica na segunda linha? Samaris? Pizzi? Celis? Uma eventual ida ao mercado parece apontar nesta direção.

Incógnitas: de Salvio a Talisca…e a baliza?

Em condições normais, a baliza do Benfica teria três nomes: Júlio César, Éderson e Paulo Lopes. As lesões baralharam as contas e o português foi o único disponível no Algarve. Se os brasileiros demorarem a recuperar, é bastante possível que o Benfica tenha de recorrer ao mercado. Atacar um reforço para a baliza, pelo que se percebe, não estaria nas contas encarnadas.

Os minutos que Talisca (fala-se muito numa transferência) e Carcela não fizeram parecem indicar que estão no fim da lista das opções de Rui Vitória e Salvio volta a ser notícia no mercado. Por fim, a maior incógnita em relação ao plantel existente reside no ataque. O estágio em Inglaterra pode muito bem definir o futuro de Gonçalo Guedes, Jovic, Benitez e Rui Fonte, sendo que as opções para cada um se apresentam diferentes: os dois primeiros poderão ficar e alternar entre a equipa A e a B, os segundos têm mercado. Em nota de rodapé, Fonte foi o único até agora a marcar, o que ajuda sempre.

Conclusões neste momento: caso recorrente e a formação

O declinar da carreira de Pablo Aimar obrigou o Benfica a, nos últimos anos, ir buscando uma solução para o meio-campo. É certo que houve mudanças de dinâmica, para lá do nome. Mas veja-se: com o argentino a perder minutos, os encarnados foram buscar Witsel. O belga durou uma época e foi preciso um novo 8. Jesus «inventou» Enzo Pérez. Depois Pizzi. E Rui Vitória «inventou» Renato Sanches. Com a posição 6 mais estabilizada nesta altura, com a defesa e o ataque a transitarem da época passada e uma quantidade assinalável nos extremos, a posição 8 é a única que parece precária no momento, apesar das indicações de André Horta e de Pizzi conhecer o lugar. Por fim, e com todas as peripécias que uma temporada pode trazer, as possibilidades de surgir alguém da formação, como aconteceu na época passada, parecem ser hoje mais reduzidas, pois o plantel parece mais estável.

Plantel provisório para 2016/17:

Guarda-redes: Paulo Lopes, Ederson e Júlio César

Defesas: Nélson Semedo, André Almeida, Luisão, Lindelof, Lisandro, Jardel, Grimaldo, Kalaica e Eliseu

Extremos/Médios: Pizzi, Carrillo, Salvio, Fejsa, Celis, Samaris, André Horta, Talisca, Cervi, Zivkovic, Carcela

Avançados: Jonas, Mitroglou, Jimenez, Gonçalo Guedes, Benitez, Rui Fonte e Jovic

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