A tendência não é de hoje. Lima sempre foi um avançado propenso para golos de elevada nota artística. Luiz Alberto é proprietário da agência LA Sports e garimpou-lhe o talento ainda no Brasil. Ao Maisfutebol confirmou esta quase-obsessão pelos pontapés de fora da área.



«Mal vi um vídeo dele percebi que estava perante um atacante raro. Não era um jogador de encostar só para o fundo da baliza. Diria mesmo que o Lima só gostava de marcar golos bonitos, espetaculares», revela o amigo e ex-representante de Lima.

O goleador que queria ser famoso

Além dessa capacidade inata, e perfeitamente atualizada, Luiz Alberto ficou impressionado com outras marcas comportamentais. «Ele era, acima de tudo, extremamente profissional em tudo o que fazia fora do campo. Não hesitei em levá-lo para o Avaí, para o Santos e depois para a Ucrânia», garante Luiz Alberto.



A Ucrânia que, coincidentemente, assinala o momento mais difícil na carreira de Lima. «Recebemos uma proposta oficial, tudo documentado, e o Avaí aceitou libertá-lo. Viajámos para a Ucrânia e quando chegámos lá tudo correu mal.»

O Cabeça, pai-de-santo do Vizela

Resumidamente, as condições propostas pelo Metalist FC não passavam de um engodo. Lima reagiu mal. «A esta distância posso dizer que foi o melhor para a carreira dele. O Lima e eu rejeitámos a oferta e surgiu o Belenenses no caminho dele. O regresso a Portugal aconteceu de forma muito rápida e o resto da história vocês já conhecem.»

Luiz Alberto afastou-se da gestão da carreira de Lima. Fica «orgulhoso», no entanto, por ter participado «numa parte importante» da mesma. «Ele amadureceu e atingiu o auge do seu jogo aos 26/27 anos. Vai marcar golos bonitos e menos bonitos por muitos mais anos.»

O futuro acaba em Braga?

Antes de explodir em Braga, Lima deu nas vistas no Belenenses: o clube haveria de descer de divisão num ano em que o avançado fez sete golos. Foi a época da revelação e o início de uma paixão entre Portugal e o brasileiro.

Ele que tinha sido cobiçado pelo Brondby antes de vir: preferiu no entanto regressar à liga nacional, agora bem mais maduro do que sete anos antes no Vizela.

No final dessa época, surgiu o interesse do Sporting. Costinha e Carvalhal gostavam do avançado, mas temeram pela idade. Os 26 anos deixaram-nos receosos. Os mesmos 26 anos, aliás, que levaram o F.C. Porto a não passar da referenciação do avançado. António Salvador foi mais rápido e garantiu de imediato o jogador.

Como é que ele faz os golos?

António Conceição foi treinador de Lima na segunda metade da época no Restelo e admite que desafiou o Sp. Braga a ser corajoso.

«Houve alguém de muita responsabilidade no Sp. Braga que me ligou e me perguntou por ele. Disse-lhe logo que deviam contratá-lo. Acho que o clube já estava inclinado a fazê-lo, mas queria saber se as opiniões coincidiam», confessa.

«Fico feliz por ver que hoje é um jogador fundamental no Sp. Braga.»

Curiosamente, um ano depois o Besiktas ofereceu três milhões por Lima. António Salvador achou que três milhões era brincadeira. Provavelmente fez bem.

Mas aos 28 anos, pode dizer-se que o futuro acaba em Braga?