«O meu pai fez coisas boas e coisas más. Não lhe guardo rancor, já o perdoei».

O tempo fez bem a Diego Maradona Júnior. Anos a fio viveu encarcerado no nome de D10S. Libertou-se. Percebeu que só uma voz própria e independente, sem lamentos, o poderia fazê-lo.

«Estava na incubadora e os repórteres dos jornais já me tiravam fotografias. Toda a minha vida foi assim. Não fui uma criança ou um adolescente normal. Aceito isso, aprendi a aceitar».

Quando o filho do Maradona saltava para um relvado, as pessoas esperavam rever o golo dele à Inglaterra em 1986», vinca Dieguito em entrevista ao Maisfutebol. Não há hesitação nem mágoa. «Tudo isso ficou para trás».

El Pibe recusou assumir a paternidade do menino italiano, nascido em 1986. Um teste de ADN comprovou os argumentos de Cristina Sinagra. Maradona Júnior cresceu envolvido numa redoma com a forma do número dez. Sem o talento necessário para lhe dar bom futebol.

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Em 2003 viram-se pela primeira vez. Num campo de golfe. Acidentalmente. Diego Maradona vergou-se e pediu desculpa ao filho. A relação não teve continuidade.

«Emocionámo-nos, claro. O homem é meu pai, não me esqueço disso. Tem as suas coisas, eu tenho as minhas. Honestamente, é uma questão que deixou de me incomodar com o tempo».

Não foi sempre assim. No reino da rejeição, criança e adolescente, Diego Júnior buscou conforto na imitação.

«No campo era impossível. Mas eu queria que as pessoas soubessem que eu era filho do grande Maradona. Deixei crescer o cabelo, pus brincos, fiquei com barba. Até uma tatuagem do Che Guevara fiz», recorda.

Pai e filho não voltaram a ver-se. São duas linhas paralelas, ligadas pelo sangue e separadas por uma conjetura insanável. Não há conflito, não há relação. «Estou tranquilo, desejo-lhe o melhor».