Na mesma semana duas revelações chocantes. João Moutinho quer ir para o Everton e o At. Bilbau vai, pela primeira vez na história, ter publicidade nos equipamentos. O sector têxtil entrou em crise: desde o fim da série Marés Vivas que não se via tão pouco amor a uma camisola.

Eu, confesso, sou um bocadinho mais moderado. Se calhar é por já acreditar em tudo, desde que vi os árbitros venderem a imagem imaculada a uma imobiliária. Ou se calhar é apenas por ter mais apreço pelas camisolas que me custam mais dinheiro, não sei.

Mas admito que sim, que é bonito ter princípios nobres. Encanta-me, por exemplo, a história do Barcelona. Em mais de cem anos nunca sujaram a camisola com publicidade e até utilizam aquele espaço para fazer uma espécie de caridade em favor da Unicef. Comovente.

Comovente, e distinto. Mais distinto, só mesmo se estivesse na penúria como o At. Bilbau. Aí sim, seria notável. Poderia ter uma petrolífera a oferecer-lhe bom dinheiro e responder que não, que não cederia dessa forma ao capitalismo.

Como o Barça não está na penúria, vou pensar que é um luxo só ao alcance de ricos. Até porque custa-me a acreditar que o At. Bilbau tenha aceite o dinheiro do petróleo de ânimo leve. Ou que goste menos da camisola por isso. Um pouco como João Moutinho, aliás.

Mas, lá está, isso sou eu, que tenho mais apreço pelas camisolas que me custam mais dinheiro. Quem nunca desejou trocar de camisola por dinheiro, força, pode atirar a primeira pedra. A não ser que se chame Filipe Jardim Gonçalves. Assim não vale.

«Box-to-box» é um espaço de opinião da autoria de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreverá aqui todas as quintas-feiras