A Liga voltou e o mercado está aberto, mas sobre ele farei o balanço em tempo de fecho.

Entre muitas coisas que aconteceram neste início de ano, destaco o fim de semana de quatro jogadores. Lá fora, Steven Gerrard e Fernando Torres. Com ligação mais próxima ao futebol português, Enzo, que foi vendido, e André André a quem, provavelmente, nesta abertura ou no final da época, poderá acontecer o mesmo.

Começo pelo mítico capitão do Liverpool que anunciou o fim da sua ligação com o seu clube de sempre. «Só» estava lá desde os 8 anos. Prepara-se para abandoná-lo aos 35 anos. Pelo meio, conseguiu vários títulos, nacionais e internacionais, mas nenhuma Premier League. Como é possível um jogador desta qualidade terminar a carreira sem um troféu de campeão inglês?

São sempre vários os clubes que lutam pelo campeonato em Inglaterra e o Liverpool nunca conseguiu ser forte o suficiente para o conquistar. Que oportunidade teve na época passada!
No jogo decisivo em casa, contra o Chelsea, em que a vitória colocava os reds no rumo do título, um erro do grande Steven Gerrard bem antes do intervalo ajudou a deitar por terra o objectivo máximo.

Eu, que assisti ao jogo em casa, partilhei da tristeza que invadiu os adeptos do Liverpool, mas principalmente de um - o seu capitão Steven Gerrard. O título fugia quando não havia muito mais tempo para o conquistar. Mas a vida continua e Gerrard vai colocar um ponto final na sua ligação ao clube. Será no final da época, e seguem-se os Estados Unidos como destino.

Deixo umas declarações de Gerrard ao site dos reds « A conversa chave [para a decisão] foi quando o treinador [Brendan Rodgers] se sentou comigo e disse-me que estava na altura de começar a gerir os meus minutos. Foi uma conversa muito difícil de ter. Sou inteligente o suficiente para perceber que é a decisão correta. E aceito-a. Quando se tem sido titular habitual durante tanto tempo nesta equipa... sabia que a hora iria chegar, mas foi uma conversa dolorosa (…) Continuarei a dar tudo o que tenho, seja como titular ou a entrar a meio do jogo, mas essa foi a conversa chave que me levou a decidir sair durante um tempo», admitiu Gerrard.



Nunca é uma situação fácil para um jogador que foi toda a vida titular e que, chegado a esta fase da carreira, vê diminuir o seu tempo de utilização e o fim a chegar rapidamente. Independentemente da qualidade, da grandeza do jogador, a verdade é que esta é uma situação com a qual todos os profissionais de futebol se vão debater mais tarde ou mais cedo.

Gerrard sabe que a partir de agora vai jogar menos e quer sair em grande do seu clube. Vai ficar na memória de todos os adeptos como um dos maiores da história do Liverpool. Os Estados Unidos esperam-no e serão os adeptos da MLS a ter a oportunidade de testemunhar ao vivo as qualidades do médio inglês. Veremos pela TV a nova etapa da sua vida.



Olhando para o pais vizinho, assistimos ao regresso de Fernando Torres ao Atlético de Madrid. Estreou-se aos 17 anos, chegou a capitão, fez 244 jogos e 91 golos. Saiu ao 23 anos, vendido por muitos milhões para o Liverpool. Agora, após passagens pelo Chelsea e Milan. o regresso a Madrid.

Regressou sete anos e meio depois, aos 30, e a apresentação no passado domingo foi fantástica. Estiveram no Vicente Calderón cerca de 45 mil adeptos para o verem entrar no relvado, dar uns toques, dar uma volta ao campo e falar para eles.

Impressionante!

A força de um clube também se vê assim. É certo que Torres é um deles. Por isso a afición recebeu-o dessa forma e a loucura na bancada foi total.



A terceira nota vai para Enzo.
Saiu do Benfica por 25M€ e apresentou-se em Valencia perante oito mil adeptos. Expectativa elevada e exigência. O clube quer atingir outro patamar e Enzo vai ser mais um para ajudar.
O valor que foi pago confere-lhe um estatuto e responsabilidade acrescida mas Enzo é um jogador experiente e com qualidade para perceber isso e não se intimidar.

Chegou, treinou e integrou o onze da equipa contra o Real Madrid. Numa posição que não tem sido a sua, nem por isso deixou de demonstrar qualidade. A forma como se integrou e mostrou serviço foi um bom indicador para os adeptos.

O Benfica perde um jogador importante nas ultimas épocas, mas era impossível não vender.
Resta a Jesus encontrar a melhor solução, seja ela interna ou externa.



Por último, uma referencia para André André. Este fim de semana vai ficar na sua memória: o primeiro hat trick da carreira está conseguido.

Já o elogiei aqui, mas volto a fazê-lo porque o seu rendimento não baixa. A importância dele na equipa acentua-se cada vez mais e 2015 não podia ter tido melhor inicio. Ao rendimento que vem apresentando, juntou os golos que o ajudam a valorizar.

Será que vamos ter saída ainda em janeiro?