Há, do meu lado, sentado numa cadeira confortável e com ar condicionado ligado, duas formas práticas de analisar as polêmicas declarações de Kökçü: uma como jornalista, outra como comentarista. Sim, é possível - para não dizer necessário - enxergar de maneiras distintas.

Como jornalista, o afastamento do turco da equipe do Benfica só faz sentido caso a entrevista tenha sido concedida sem a autorização do clube. É uma regra que, na verdade, sempre vou colocar em discussão. Entretanto, se a mesma existe, deve ser cumprida. Ponto.

Se o bate-papo com o jornal dos Países Baixos foi feito com o consentimento de todos, a punição então é injusta. É única e exclusivamente censura. Podemos e devemos discutir o conteúdo, mas é antidemocrático um castigo simplesmente porque alguém resolveu falar o que pensa.

Kökçü foi forte. Revelou boas verdades, assim também como alguns pontos sem muito sentido. É a opinião dele. Bem ou mal, é uma opinião. Vale tanto quanto a minha ou a sua. Dito isso, não houve, para mim, qualquer falta de respeito, o que naturalmente seria passível de penalidade.

Agora, como comentarista, digo tranquilamente que a entrevista ajuda a implodir o já confuso ambiente interno de uma equipe com sérios problemas de gestão, que, no fim, acabam por ter impacto dentro campo. Especialmente por culpa de Roger Schmidt, é claro. E não só.

Recordar que não é o primeiro nome significativo do milionário plantel a expor o técnico e, consequentemente, a estrutura, visto que o jogador turco falou, também como fez recentemente Schjelderup, sobre promessas não cumpridas. Parem e pensem: o buraco é mais embaixo.

*Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil