No fim de semana que passou viveram-se demasiadas emoções e muitos sentimentos. De alegria, tristeza e também de dever cumprido.

Xavi e Klopp foram dois que deixaram os seus clubes, um de coração e o outro que, não o sendo, passou a figurar também no seu coração. Saídas destas custam muito e tive oportunidade de ver, pela tv, a emoção nos próprios e o agradecimento dos adeptos. Extraordinários os tributos e as homenagens, mas falo mais abaixo sobre isso.

Por agora, o que foi vivido nos estádios portugueses. Na I Liga faltava decidir a última vaga na Europa; na II, quem subia. Por muito que se conte e escreva, só quem passa por isso é que sabe verdadeiramente o que se viveu durante esses 90 minutos em que tudo se decidia,

O último lugar europeu proporcionou uma luta interessante, com várias equipas, e que no final sorriu ao Belenenses. Excelente campeonato, acima das expectativas, que teve Jorge Simão a liderar estas últimas nove jornadas. Com inúmeros portugueses na equipa, o Belenenses merece os parabéns e este prémio tem de ser dividido com Lito Vidigal, que conseguiu a permanência na época passada e este ano deixou a equipa no 6º lugar, ao fim de 25 jornadas. Grande trabalho.

Jorge Simão assumiu e, apesar de alguma oscilação, soube manter a equipa com ambição para conquistar o prémio na recta final. Estão ambos de parabéns.
 

Mas a luta e as emoções mais intensas estavam reservadas para a II Liga. A subida estava em causa, com várias equipas na corrida. Tudo podia acontecer: diferentes cenários e combinações ditavam diferentes desfechos e os resultados iam mudando os estados de alma ao longo dos 90 minutos - e mais qualquer coisa...

Tive oportunidade de assistir ao Oriental-União e pude acompanhar ao vivo como foram os sentimentos dos adeptos, jogadores, treinadores e dirigentes da equipa madeirense.

Se os olhos do União estavam no campo engenheiro Carlos Salema, os ouvidos estavam nos outros três estádios onde jogavam os seus adversários. E isto passava-se com mais três equipas, porque apenas o Tondela dependia apenas de si.

O União fez o que lhe competia: marcou o primeiro e, para ajudar, tudo corria bem com os resultados nos outros campos. Mas quando o Freamunde marcou ao Tondela, ao minuto 69, tudo mudou: nem o segundo e terceiro golos, que entretanto marcaram, mudavam alguma coisa.

A vitória não era suficiente, restava esperar pelos resultados finais dos outros jogos. A vencer em casa, o Chaves por esta altura subia e era o campeão.

Faltavam 20 minutos mais os descontos. Muito tempo: como se sofria! A festa já se fazia nuns lados e a tristeza invadia outros campos. Mas o futebol só termina quando o arbitro apita e até lá tudo pode mudar. Foi isso que acabou por acontecer. Com o golo do Tondela, empatando o jogo em Freamunde, aos 90+3, a situação inverteu-se: o Tondela foi campeão e o União da Madeira subiu.
 

O Chaves viu fugir o sonho
 e a festa não aconteceu. A tristeza, o choro e a frustração invadiram as gentes de Chaves, os seus jogadores e todos os que faziam parte do clube. Como referiu o seu capitão Barry foi «o trabalho de uma época a ir por água abaixo: morremos na praia.»


Por outro lado, presenciei o momento de felicidade dos adeptos e da equipa do União da Madeira no campo do Oriental. Após o fim do jogo, alguns segundos decorreram para ser confirmado o empate do Tondela e a consequente subida de divisão. Foi uma alegria imensa e a invasão de campo dos adeptos madeirenses.

O União tinha no comando um treinador já com sete subidas da II Liga, Vítor Oliveira, que já fez saber que não vai continuar. Fez um grande trabalho, soube acreditar e fazer acreditar a sua equipa até ao fim.

Para se ter uma ideia do que os madeirenses fizeram no mês de Maio, nos últimos cinco jogos, à partida para a 42ª jornada, estavam em sexto lugar, a 11 pontos do primeiro (Tondela) e a cinco pontos do segundo. Conquistaram 13 pontos em 15 possíveis, contra três do Tondela, oito do Chaves e dez do Covilhã. Estão de parabéns neste regresso à I Liga, 20 anos depois.

E o campeão foi o Tondela
, que atinge pela primeira vez o escalão principal e coloca a cidade no mapa da principal prova do futebol português. Agora é festejar a subida e preparar com toda a atenção e cuidado a estreia na I Liga.

Parabéns aos jogadores, aos dirigentes, aos seus adeptos e ao seu treinador Quim Machado que, pegando nesta equipa à 11ª jornada, em 11º lugar, a liderou até ao final, alcançando a subida.
 

Termino como comecei: com as despedidas.
Assisti pela TV ao último jogo de Xavi no Camp Nou e às homenagens realizadas. Foram 24 anos com a camisola do Barcelona e muito sucesso, que pode ser ainda maior com a conquista de nova Liga dos Campeões.

O que dizer deste jogador que marcou uma época no Barcelona e na selecção espanhola? Quem gosta de futebol não pode deixar de apreciar as suas qualidades e tenho pena que ele, e outros como ele, Gerrard que sai do seu Liverpool, vão terminando a carreira e não possam ser eternos.

Ficam as memórias de um grande jogador.

Por último, Jürgen Klopp. Um treinador «fora da caixa», tal é a sua forma de estar no futebol. E o que dizer do seu último jogo no Signa Iduna Park? Grande despedida, fantástica homenagem.

Após sete anos no comando técnico com vários títulos, quebrando a hegemonia do Bayern pelo meio, sai tendo ainda mais 3 anos de contrato.

Depois de uma época muito complicada e desgastante sai com a consciência de dever cumprido e com a certeza de essa decisão ser nesta altura a melhor para todos. A empatia criada entre clube e Klopp foi especial e a despedida não poderia ser de outra forma. A resposta vinda das bancadas no passado sábado foi extraordinária e a volta de honra de Klopp também.

Tive a oportunidade de assistir ao vivo, em Fevereiro passado, a um jogo em Dortmund.
E testemunhei o que são 80 mil adeptos a aplaudir, a vibrar, a sofrer com o seu clube de coração, por isso imagino o que devem ter sido aqueles momentos. Imagino o turbilhão de sentimentos que naquela altura viveu Jürgen Klopp. O público de Dortmund soube respeitar quem com ele partilhou e viveu um ciclo glorioso, mas que, como tudo, teve um fim.

Klopp sai idolatrado e com a certeza que ficará na história daqueles adeptos e daquele clube com uma camisola amarela e preta. Ainda não acabou, Klopp: traz a taça da Alemanha!