1- Esta semana tivemos o clássico entre o Sporting e o FC Porto e o anúncio do novo seleccionador de Portugal. Já irei aos assuntos da nossa selecção mas, para já, algumas notas sobre o jogo de Alvalade.

Surpreendente a entrada bastante forte do Sporting. Durante os primeiros 25 minutos foi organizado, pressionante e mostrou uma força colectiva até então desconhecida. Funcionou como uma equipa, sempre junta e em cima do adversário. Marcou um golo e criou lances para marcar outros.

Não o fez e o FC Porto - como boa equipa que é - equilibrou o jogo e veio na segunda parte com a determinação para alterar as coisas. As entradas de Oliver e Tello ajudaram e o empate surgiu.

Houve mais FC Porto nestes segundos 45 minutos e houve também Patrício a evitar a total alteração do resultado.

Do outro lado, e numa altura em que o Sporting voltou a equilibrar o jogo, foi a trave da baliza do FC Porto que evitou o golo de Capel.

Como nota final, vimos um Sporting a surpreender e a demonstrar que tem capacidade para lutar pelo resultado com qualquer um. Do outro lado, uma equipa do FC Porto com bastante qualidade e, acima de tudo, com soluções para poder alterar o curso do jogo. A Liga é longa e os campeões não se decidem nestes embates.

Em seis jogos, o Sporting perdeu quatro pontos com Benfica e Porto e outros tantos com Académica (fora) e Belenenses em casa. O Porto por sua vez também perdeu quatro pontos com Guimarães (fora) e Boavista em casa, além do empate em Alvalade.

O jogo não trouxe grandes figuras e a que emergiu mais, no meu ponto de vista, foi Rui Patrício. Sempre bem posicionado e com boa leitura do que se passava à sua frente, resolvendo lances que poderiam tornar-se complicados. As duas grandes defesas foram determinantes.

Jonathan apareceu de surpresa no onze - e que melhor estreia em clássicos do que com a marcação de um golo? O lateral apareceu em zona de finalização e até aí surpreendeu. Já se percebeu que subir pelo corredor é o que mais gosta de fazer mas revelou, quanto a mim, problemas defensivos.
Tal como Jeferson, não tem o melhor dos posicionamentos a defender e este é um dos aspectos a trabalhar.

No FC Porto, face à fraca prestação na primeira parte, a entrada de Oliver e Tello fez crescer a equipa. Naturalmente estes acabam por ser os elementos mais, numa equipa que não soube resolver a questão da pressão alta do Sporting: o jovem Oliver, que realmente tem de jogar sempre, seja a interior ou a partir da ala e Tello, cuja velocidade fez mossa nas laterais leoninas. Brahimi tem classe, e apenas a espaços a vimos. Disso também se ressentiu o Porto.

2- Portugal tem um novo seleccionador.
A direcção da FPF decidiu-se por um treinador que tem um castigo de oito jogos. Não está em causa a competência nem a capacidade (que é muita), de Fernando Santos, que conheço bem e que foi meu treinador. Acredito que a demora em ver o seu nome anunciado tivesse a ver com o estudo da forma como o seu castigo poderia ser amenizado.

Verificamos que no dia da apresentação a FIFA manteve o castigo de oito jogos. Agora, só o recurso para o Tribunal Arbitral pode diminui-lo. Pelo histórico, é bem possível que isso aconteça. Espero realmente que assim aconteça.

Para mim, é dificil de compreender uma escolha com um castigo associado e que apenas acaba, caso se mantenha a pena, ou no segundo jogo play off, ou no segundo jogo da fase final do Europeu. Tanto tempo! Independentemente do nome, que sentido faz contratar alguém para exercer uma função que não a possa fazer na totalidade?

A presença no balneário, antes do jogo. No banco, durante. A capacidade para intervir ao intervalo. Nada disto vai ser possível e todos estes momentos são importantes. E são aspectos que assumem, no meu ponto de vista, maior importância na selecção porque esta não tem o tempo de treino necessário para trabalhar um modelo de jogo, e desenvolver a identidade como seria possível num clube.

Não estando presente naquela hora e meia antes do jogo, o seleccionador não vai poder perceber de que forma os jogadores vivem esses momentos, os sinais que dão, como se sente o grupo, alguma atenção individual, uma palavra que tem de ser dada, uma série de situações que só são possíveis de ver e corrigir estando presente. Depois há a presença no banco, com as indicações que entende dar e, principalmente, as indicações e a mensagem individual e colectiva que pode passar ao intervalo. Algo que desta forma não será possível.

Apesar da confiança e da competência do treinador adjunto existente, este não é o treinador principal e nunca é a mesma coisa. Pode ter a mensagem, ou a explicação para passar, mas as duas pessoas não são iguais e o normal é que no tom e na forma as palavras também sejam diferentes. E todos sabemos a importância que o intervalo tem em certos jogos.

Ter o líder presente é sempre importante. Eu, que fui treinado por Fernando Santos, sei de que forma funciona e a importância que isso pode ter.

Dito isto, já o tinha referido anteriormente e reforço: acredito que vamos estar no Europeu, apesar de não termos o nosso seleccionador na plenitude das suas funções.

P.S. Um espectáculo, a vitória dos nossos mesatenistas. Somos campeões europeus. Parabéns a toda a equipa!