O Benfica melhor, o FC Porto nem por isso, o Sporting em queda acentuada mas com alguns dos grandes protagonistas, equipas com melhorias notáveis, outras a cair por ali abaixo e algumas constatações surpreendentes. Menos golos mas mais gente nos estádios, muito mais instabilidade nos bancos. Factos, números e figuras da primeira volta da Liga 2016/17.

Quem sobe, quem desce

A grande queda do Sporting é destaque óbvio na comparação de pontos com a época passada, mas há uma equipa que perdeu mais do que os 10 pontos dos leões: o Paços Ferreira, que tem nesta altura menos 11 pontos do que há um ano, um valente trambolhão do quinto lugar de 2015/16 para o atual 13º. A maior subida é do Boavista, mais onze pontos, um número notável.

Mas também Sp. Braga e V. Guimarães apresentam números bem acima da última temporada. Destaque para o D. Chaves, com um dos melhores registos dos últimos anos para uma equipa recém-promovida: está ao nível do Moreirense em 2014/15. Nessa época, a equipa de Moreira de Cónegos terminou com 43 pontos, no 11º lugar. O D. Chaves segue em alta, mesmo depois de uma mudança de treinador forçada, somando isso a eliminação de dois grandes na Taça de Portugal, FC Porto e Sporting.

O Arouca, que na época passada terminou com um apuramento histórico para a Europa, começou mal esta temporada, mas recuperou, sempre com Lito Vidigal, e já está praticamente em linha com 2015/16. Ou seja, e sobretudo se o sexto lugar der acesso à Europa este ano, ainda pode perfeitamente voltar a estar nessa corrida.

Abaixo da linha de água, o Nacional tem uma queda de cinco pontos. Significativa, mas não tão grande assim.  Na época passada, a equipa então orientada por Manuel Machado fez uma segunda volta melhor e terminou com 38 pontos, num tranquilo 11º lugar. O Tondela, que volta a ser lanterna vermelha, está com mais dois pontos do que há um ano, na temporada em que conseguiu uma recuperação miraculosa e acabou por se salvar, com 30 pontos. U. Madeira e Académica, os despromovidos, tinham no fim da segunda volta 17 e 16 pontos, respetivamente, ambos mais do que cinco equipas nesta altura. Portanto, na luta pela manutenção a segunda volta também promete.

Classificação (entre parentesis os pontos e a diferença em relação à época passada)

1º Benfica, 42 (40 em 2015/16, +2)

2º FC Porto, 38 (40, -2)

3º Sp. Braga, 36 (29, +7)

4º Sporting, 34 (44, -10)

5º V. Guimarães, 31 (23, +8)

6º Marítimo, 26 (21, +5)

7º D. Chaves, 24 (-)

8º Rio Ave, 24 (25, -1)

9º Arouca, 23 (24, -1)

10º V. Setúbal, 22 (22, igual)

11º Boavista, 21 (10, +11)

12º Belenenses, 20 (18, +2)

13º Paços Ferreira, 17 (28, -11)

14º Estoril, 15 (20, -5)

15º Feirense, 15 (-)

16º Moreirense, 14 (17, -3)

17º Nacional, 12 (17, -5)

18º Tondela, 10 (8, +2)

Golos que desaparecem, ataques que pioram e defesas que melhoram

A Liga anda a perder golos, perdeu aliás 48 em relação à época passada nos 153 jogos da primeira volta, 405 então para os atuais 357. A média nesta altura é de 2.33 por partida, bem abaixo dos 2.72 com que terminou a última temporada. Quase todas as equipas marcam menos golos esta época, começando pelo líder Benfica, que mantém o melhor ataque, como há um ano, mas com menos oito golos marcados (37 contra 34). O FC Porto perde cinco (31/36) e o Sporting seis (29/35). Só quatro equipas melhoram o registo de golos marcados. São o Sp. Braga (mais 4), o V. Guimarães (mais 5), o Boavista (mais 11) e o Tondela (mais 3).

E metade das equipas melhora no registo defensivo. O FC Porto é quem protege melhor a baliza, sete golos sofridos apenas num registo notável em toda a Europa, no fim das contas sofreu menos três que há um ano. O Benfica está igual, 11 golos sofridos, o Sporting pior, com mais sete. Mas a recuperação mais notável é do Marítimo, que passou dos 35 golos sofridos por esta altura na época passada para os atuais 14. A quarta melhor defesa da Liga, atrás dos grandes.

À solidez defensiva o Marítimo alia uma eficácia notável. Um total de 15 golos (só há cinco equipas na Liga com menos marcados que os madeirenses), renderam oito vitórias, dois empates e o atual sexto lugar à equipa agora orientada por Daniel Ramos. No capítulo defensivo o Belenenses é outra equipa com uma recuperação muito relevante, de 36 sofridos para os atuais 16.

Goleadores e a tendência portuguesa 

A Liga anda a perder golos mas não é por culpa deles. O holandês Bas Dost marcou quatro golos nos dois jogos deste ano, dois em cada, e isolou-se na frente da lista dos melhores marcadores. São 13 golos, um número significativo a meio caminho, a questão é que representam mais de 40 por cento dos golos da equipa, a maior dependência da Liga, como pode ver por aqui.  

Ainda assim, a este ritmo Bas Dost ou os outros goleadores terão que aumentar o embalo para alcançar os números do maior goleador da época passada, o benfiquista Jonas, que terminou com 32 golos marcados. A novidade deste ano é que um dos goleadores da Liga é português, e jovem: André Silva, com 11 marcados até agora, no segundo lugar.

O avançado do FC Porto esta na corrida para algo que a Liga não vê há muitos, muitos anos: o título de melhor marcador entregue a um português. Em 2002/03 o benfiquista Simão Sabrosa terminou em igualdade com Fary, 18 golos, mas o jogador do Beira Mar levou o título, por ter atingido a marca em menor número de jogos. Portanto, é preciso recuar até 1995/96, mais de 20 anos, para encontrar Domingos Paciência (FC Porto, 25 golos), como o último rei dos golos português da Liga.

Há aliás vários outros portugueses no «top 10» dos melhores marcadores esta época: o benfiquista Pizzi (6 golos) e os bracarenses Wilson Eduardo, Rui Fonte (6) e Pedro Santos (5), além de Jorginho Intima (Arouca, 5).

O pódio dos marcadores fica completo com Marega, um fenómeno no início da época no V. Guimarães, onde chegou cedido pelo FC Porto, mas que foi perdendo gás. Ainda assim, já leva 10 golos.

No Benfica, que só no final do ano começou a recuperar Jonas, afastado desde o início da época por lesão, o melhor marcador é por agora Mitroglou, com sete pontos.

Veja a lista dos melhores marcadores da Liga

Os mais pontuados, os que constroem mais golos

Mora em Alvalade o jogador mais pontuado pelo Maisfutebol até agora. Gelson Martins é claramente uma das figuras da Liga, além de ser um dos jogadores que fabrica mais golos: divide a liderança da tabela das assistências com o bracarense Wilson Eduardo, ambos com oito passes para golo. 

Ranking de pontos do Maisfutebol

Logo a seguir surge o benfiquista Pizzi, apenas com menos um ponto que Gelson. E o pódio fica completo com outro jogador «encarnado», Nelson Semedo.

Seguem-se dois dos jogadores mais sólidos do FC Porto até agora, André Silva e Marcano, ambos com 55 pontos, seguidos de perto por Iker Casillas, com 54.

O guarda-redes portista está acompanhado por três jogadores que são destaque nesta Liga para lá dos grandes: Wilson Eduardo (Sp. Braga), Nelson Lenho (D. Chaves) e Pedrinho (Paços Ferreira).

O top de assistências

O lateral flaviense e o médio pacense são além disso totalistas, jogaram todos os minutos possíveis. Restam 18 jogadores com esse estatuto, sendo o V. Guimarães o clube com mais totalistas: Douglas, Pedrão e Josué Sá. O FC Porto tem Casillas e Felipe, o Sporting Coates e no Benfica já não resta nenhum.

Os jogadores mais utilizados

O incrível campeonato das chicotadas

Há muito que não se via uma coisa assim. Ao fim da primeira volta já mudaram de treinador 12 clubes. Mais fácil enumerar quem mantém no banco o técnico que começou a época: Benfica, FC Porto, Sporting, V. Guimarães, Arouca e V. Setúbal. Todos os outros mudaram, numa dança que começou logo em setembro (!), quando Paulo César Gusmão deixou o Marítimo ao fim de cinco jornadas e uma só vitória.

Uma das mudanças não teve origem nos resultados: a saída de Jorge Simão de Chaves para o Sp. Braga, onde rendeu José Peseiro, levou a mudança no banco dos transmontanos. Ainda assim, é um número avassalador de mudanças, claramente em contra-corrente em relação aos últimos anos, marcados por uma tendência de maior estabilidade nos bancos da Liga.

A meio deste campeonato já houve mais mudanças de treinador do que em cada uma das quatro épocas anteriores completas. Só em 2011/12 foi atingido este número, e ainda assim apenas no final da época. Sendo que nessa temporada foram menos os clubes a mudar de treinador, houve é clubes que mudaram mais de uma vez.

Espectadores, os fenómenos Luz e Alvalade

Mais gente nos estádios, a tendência da época passada mantém-se e melhora. Foram 1.7 milhões nos 153 jogos até agora, média de 11.331 por jogo. O Benfica lidera e o Sporting também contribui muito para estes números, ambos com taxa de ocupação média que passa os 86 por cento. Mais abaixo o FC Porto, não só nos números totais como na ocupação.

O Benfica levou 448.228 espectadores à Luz em oito jogos, uma média de 56.029 por jogo, para 86.68 de ocupação. Alvalade recebeu 388.328 em nove jogos, média de 43.148 pessoas por cada jogo do Sporting, 86.21 por cento de ocupação. O FC Porto tem 309.721 em nove jogos, média de 34.413, 68.78 de ocupação. Os dragões baixam mesmo em relação à primeira volta da época passada, quando já ocupavam o último lugar do pódio entre os grandes.

Os oito jogos com maior assistência do campeonato são todos os que o Benfica jogou em casa, sendo que o recorde é do dérbi frente ao Sporting, 63.312. O top 10 completa-se com os outros dois clássicos da primeira volta: o FC Porto-Benfica (50.019) e o Sporting-FC Porto (49.399).

No outro extremo, o jogo que levou menos gente ao estádio foi o Moreirense-Belenenses da 16ª jornada, 640 espectadores. Aliás, o Moreirense é a equipa com menos espectadores no estádio, um total de 11.394, média de 1.424 por jogo, mas ainda vai receber os três grandes na segunda volta.