A Liga regressou. Paços de Ferreira e Belenenses continuam sem ganhar. Problemas para Van der Gagg e Costinha. O que está a acontecer? O Belenenses está a pagar o preço da inexperiência? Acusa a pressão? Não revelou qualidade suficiente para vencer? Diria que é um pouco de tudo.

Surpresa? Para mim, não. Para o presidente da SAD sim. Rui Pedro Soares mostrou desagrado após a primeira derrota. Palavras desajustadas. O que pretendeu? Agitar o grupo? Mexer-lhe com o orgulho? Mostrar autoridade? O que ganhou? A meu ver, nada. Já elogiei declarações suas aquando da subida em que se referia a uma gestão equilibrada e salários em dia. É isso que se exige a um clube. O Belenenses tem um projecto que já antecipou etapas e por isso declarações destas não levam a lado nenhum. Resta acreditar desde a primeira hora num grupo que fez uma subida extraordinária.

O Belenenses vai no quarto jogo a perder. As diferenças são grandes e por vezes demora a acertar. Intranquilidade, a bola a queimar. A confiança que não surge e as coisas a não saírem bem. Ainda há tempo e Van der Gagg referiu-o em Coimbra. A equipa está viva e a adaptar-se a uma nova realidade. Levantar a cabeça e continuar a trabalhar. Subiu com este grupo e acredito que saiba o caminho para o manter.

O Paços de Ferreira está na Europa. Extraordinário feito, mas este não é o seu ambiente natural. Parece-me que o Paços está a viver e a sofrer um pouco isso. Culpa própria? Também. O erro foi não reduzir as expectativas, focando-se na Liga. Os jogos europeus são um bónus de algo completamente merecido. Viver e desfrutar o momento mas não colocar tudo o resto em questão. E o calendário não ajudou. Sp. Braga e Porto em casa e Benfica fora, em teoria as hipóteses eram poucas. Confirmou-se. De Olhão podiam levar pontos. Pelo meio confrontos e derrotas com o Zenit. Já são seis os jogos sem ganhar. E a viagem para Florença está aí. Vivência e ritmo de clube grande mas é importante saberem quem são e para onde querem ir.

O regresso da Europa traz mais duas estreias no comando técnico. Paulo Fonseca e Rui Vitória vão perceber as dinâmicas e o mundo da UEFA sentados no banco. Costinha já percebeu e Marco Siva também já viveu essa novidade. Para um competir na Liga Europa acabou por ser o normal. Para Marco, o sonho foi conseguido. Agora também é tempo de desfrutar.

Analisando os grupos de Paços, Estoril e Guimarães todos eles revelam dificuldades. Para mim dois aspectos se levantam.

O primeiro prende-se com a capacidade competitiva que estas três equipas irão apresentar perante adversários. Alguma delas tem hipótese de passar a fase de grupos? Eu diria que não mas estamos na presença de três equipas a quem nada foi oferecido por isso há que acreditar.

O segundo é perceber em que forma estarão estas equipas no final de dezembro com muitos jogos já disputados. Teremos equipas desgastadas física e mentalmente? Esta realidade, a que não estão habituadas, obrigará uma gestão ainda mais cuidada e rigorosa. Mais uma vez, seguir dentro dos objectivos delineados no início da temporada ajuda.



Outro campeonato é onde FC Porto e Benfica irão estar. Na melhor Liga do mundo as exigências e expectativas são superiores. Ambos aparecem nos seus grupos com reais possibilidades de passar. Fonseca e Jesus sabem da importância de seguir em frente. Prestígio e dinheiro estão em jogo. E como isso é importante nos dias de hoje. Fonseca vai a Viena e numa cidade de grande oferta cultural quer fazer ouvir a sua música. Jesus e o Benfica defrontam um Anderlecht sem o fulgor de outros tempos. Em casa e perante o seu público não pode falhar. Bons inícios fazem crescer a confiança e alimentar as expectativas. É isso que se pede a todas as equipas portuguesas. Sem medos, conscientes do seu valor e não dar nenhum jogo por perdido antes dele terminar. Boa sorte.