Indignado com o cartão vermelho que viu no Mundial, diante da Espanha, Ricardo Costa lamenta não poder fazer parte da próxima convocatória da Selecção, que vai começar a qualificação para o Euro-2012. Numa análise à participação portuguesa no torneio da África do Sul, o internacional diz que a Selecção Nacional tinha tudo para se sagrar campeã do mundo. Em entrevista ao Maisfutebol, o central do Valencia também aborda a polémica em torno de Carlos Queiroz e sai em defesa do seleccionador.

A próxima convocatória da selecção será conhecida em breve. Está confiante que o seu nome continuará a fazer parte dos eleitos?

«Agora não posso, estou castigado. Tenho a certeza de que podia ser chamado, mas levei o cartão vermelho contra a Espanha, é pena. Toda a gente viu que o cartão vermelho foi injusto, pelas imagens nota-se que é injusto, mas as pessoas da FIFA não acharam isso e... Bom, isso quer dizer que Portugal continua pequeno, o que é um problema. Mas espero continuar a jogar na Selecção, por todo o trabalho que tenho feito.»

Com que sabor ficou depois da participação no Mundial?

«Com o sabor de que podia ter chegado mais à frente. Mas temos de ter a noção de que perdemos contra a campeã do mundo e com um golo irregular que, se não entra, tudo podia mudar, podíamos sair num contra-ataque rápido, fazer um golo e sermos nós a passar. Se eliminássemos a Espanha, tínhamos tudo para sermos campeões do mundo.»

O que é que faltou?

«Que o árbitro visse o golo irregular e faltou nós fazermos um golo. De resto, estar a falar do que esteve bem ou mal... Entre nós já sabemos o que é preciso corrigir para estarmos bem agora, com a Noruega e Chipre.»

Depois dos resultados da África do Sul, o que espera da fase de qualificação para o Europeu de 2012?

«Passar! Portugal tem de se qualificar. Pela qualidade, pelo nível de jogo e pelas ligas em que jogam, os jogadores têm de pensar em qualificar-se para jogar o Europeu. Sabemos que é uma qualificação a dois anos, que vai haver muitas batalhas difíceis, mas temos de ter capacidade para jogar bem, ganhar e garantir a qualificação.»

Como define os dois primeiros adversários, Chipre e Noruega?

«São complicados. São os primeiros jogos e os jogadores ainda estão a entrar no ritmo. São batalhas duras em que o importante é marcar pontos. Temos de conseguir entrar bem contra Chipre e pontuar na Noruega. A Noruega é um adversário complicado, fisicamente muito forte, com um jogo muito directo. Nós, os jogadores portugueses, como todos os jogadores da Europa, não estamos a cem por cento. Vamos ter os primeiros jogos dos campeonatos e logo depois a Selecção. Quem conseguir formar uma equipa mais coesa vai conseguir ganhar estes jogos.»

Como tem acompanhado o caso que envolve o seleccionador Carlos Queiroz?

«Pela pessoa que é e pelo relacionamento de familiaridade que temos, é lógico que me sinto triste por tanta polémica, castigos, recursos... Estamos todos a lutar pelo mesmo, que é o melhor para Portugal. Intrigas e confusões são sempre de lamentar. Tenho pena porque não é bom para o futebol português, nem para ninguém.»

Depois da polémica, há condições para que a equipa técnica continue o seu trabalho?

«Sim, porque isso nunca hipotecou a liderança do professor entre nós, não tem nada a ver com os jogadores. Simplesmente, quis defender o plantel por querer que a equipa fosse treinar a horas em que conseguisse suportar as temperaturas. E por querer defender a equipa é que as pessoas caíram em cima e estão a culpá-lo de tudo. Mas o importante agora é conseguir ganhar, convocar os melhores e quem for convocado ir com o espírito de conquista e dar o máximo por Portugal.»

Nos próximos dois jogos, Queiroz não estará no banco. Isso vai afectar a equipa?

«Não, isso vai motivar a equipa, que sabe que tem de conseguir esses pontos importantes para os dedicar ao professor Queiroz.»