Foi um dos melhores jogadores que passaram pelo Boavista nas últimas décadas. Ente 1992 e 1996, somou grandes épocas em equipa então treinada por Manuel José e que contava, nas suas fileiras, com outros talentos, como Ricky, Marlon Brandão, Isaías ou Nelson Bertolazzi.

No verão de 1992, há 23 anos, João Vieira Pinto saltou do Bessa para a Luz. O Boavista foi buscar Artur ao Brasil. E não se arrependeu.

Atuou, também, no FC Porto, entre 1996 e 99, festejou três títulos nacionais, embora tenha sido no Bessa que conseguiu mostrar o melhor do seu potencial: um avançado rápido, com um incrível faro pelo golo, misto de concretizador com o de jogador de equipa.

Depois de sair do FC Porto, em 1999, ainda representou o Viória da Bahia, o Botafogo e o Remo no Brasil.
 
Em conversa, via net, com o «Mundo Brasil» da Maisfutebol Total, «Rei Artur», como carinhosamente é conhecido no futebol brasileiro, hoje com 45 anos, técnico que disputa a final do campeonato estadual do Acre, pelo Galvez, conta: «Comecei a carreira de treinador em 2007. Era mais fácil jogar do que é treinar»
 
«Sempre acompanho os jogos e sempre falo com amigos que jogaram comigo no Boavista e no FC Porto. Sei que em 2001 o Boavista foi campeão nacional, acredito que tenha sido um título muito comemorado por todos que amam o futebol, porque é difícil uma equipa fora das três grandes ser campeã nacional em Portugal», acrescenta o antigo avançado de axadrezados e dragões.
 
«Mesmo de longe fiquei muito feliz por ver meu antigo clube ser campeão nacional», adiantou, ainda muito marcado pelo anos de ouro que passou no Bessa.


ARTUR BOAVISTA SPORTING 2-1 – 95/96

  

NO BESSA PELA MÃO DE PRATA TAVARES

Artur chegou ao Bessa pela mão de António Prata Tavares. Em declarações ao «Mundo Brasil», o empresário recorda: «O Artur era um jogador já com muito cartel no Brasil. O Vasco estava atrás dele, o São Paulo estava atrás dele, muitos outros clubes estavam atrás dele. O que ele queria era vir para Portugal, para se valorizar. O Boavista, que tinha uma grande equipa, avançou com uma boa proposta e fechámos». 

Em 1996, e depois dos anos dourados no Bessa, o FC Porto ganhou a corrida «ao Corunha e ao Galatasaray». «Eram boas propostas, mas o Artur já tinha um casal de filhos aqui em Portugal e queria continuar».

Quando do regresso ao Brasil, o Vitória da Bahia foi expedito: «O Internacional de Porto Alegre, então treinador pelo Autuori, queria-o, mas o Paulo Carneiro, presidente do Vitória, conseguiu contratar o Artur. E depois foi para o Botafogo, onde acabou por sofrer uma lesão grave. Acabou por voltar ao futebol no Remo», lembra Prata Tavares. 

ESCASSEZ DE CRAQUES NESTE BRASIL

E como vê Artur o atual momento do futebol brasileiro? Não haverá uma excessiva «Neymardependência», que depois pode dar para o torto se a Joia falhar ou for castigada, como aconteceu nesta Copa América?

Artur aponta: «Hoje não temos tantos talentos como antes quando tínhamos Ronaldo (Fenómeno), Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo ou Romário. Estamos carentes de craques, sim», admite o agora técnico do Galvez. 

«Esperava mais da Copa América, mas a maioria dos jogadores estão cansados, porque estão em final de temporada na Europa e isso dificulta as boas atuações», nota.
 
CR7, CLARO, MAS TAMBÉM QUARESMA

Quanto a Portugal, Artur gosta «de Cristiano Ronaldo», pois claro, mas também «do Ricardo Quaresma».
 
Mas aponta: «Não é só Brasil. Também Portugal está carente de craques. Na minha época, Portugal tinha Figo, Rui Costa, João Pinto, Paulo Sousa, Vitor Baía e muitos outros. Hoje está dependente de um só jogador, que é o Cristiano Ronaldo».
 
EM BUSCA DO PRIMEIRO ESTADUAL

Artur comanda o Galvez, equipa que disputa com o Rio Branco (clube onde começou a jogar e também onde começou a carreira de treinador) o título de estadual do Acre.

Em 2015, o Galvez ainda não bateu o Rio Branco, mas atingiu a decisão depois de eliminar o Atlético AC, já com Artur ao comando. A primeira mão da final foi sábado, com triunfo 2-1 do Rio Branco, resultado que deixa tudo em aberto para a segunda mão da final, no próximo dia 27.

Apesar da derrota na primeira mão, Artur gostou da sua equipa e mantém a esperança: «Fomos superiores. O lance que resolveu o jogo foi uma falta a favor da gente, no Cabeça (meio-campo), que o (Carlos) Ronne não marcou. Talvez o único erro dele (árbitro) no jogo. Deu a falta do Tom e tomamos o segundo gol. Para uma equipa que jogou um prolongamento na meia-final, os meus jogadores hoje foram guerreiros, brilhantes. Mostraram que para nos vencer tem que ter aquele algo mais, algum tipo de ajuda, mas dentro de campo meus jogadores foram muito superiores», comentou, citado pelo Globo Esporte.

B.I.

ARTUR
Nome:
Artur Duarte de Oliveira
Data de nascimento: 27 de dezembro de 1969 (45 anos)
Naturalidade: Rio Branco, Acre, Brasil
 
Percurso como treinador: Rio Branco (Acre), 2007; Remo e Ananindehua (2008); São Raimundo, Castanhal e Remo (2009); Carnetá (2010); Galvez e Atlético Acre (2011); Rio Branco (AC, coordenador técnico), Galvez (2012); Rio Branco (AC), 2013; Vasco da Gama (AC), 2015 e Galvez (2015)
 
Percurso como jogador: Rio Branco (1989/90), Remo (1992), Boavista (1992/96), FC Porto (1996/99), Vitória (Bahia, 1999-2001), Botafogo (2001), Figueirense (2002 e Remo (2004)