* enviado-especial do Maisfutebol a Sevilha

Sevilha respira futebol. Desde sempre. Vários portugueses já testemunharam essa paixão do povo andaluz pela bola. Beto, Diogo Figueiras e Daniel Carriço estão agora no Sevilha FC, mas antes já muitos jogaram na cidade.

Ricardo, Nélson e João Tomás vestiram as cores do Bétis há relativamente poucos anos, por exemplo, e o final da década de 70 levou o génio de António Oliveira das Antas para o Benito Villamarin.

Curiosamente, o antigo selecionador só aguentou meia época no sul de Espanha. O FC Porto resgatou-o por alturas do Natal e enviou, «como moeda de troca», Francisco Vital, em janeiro de 1980.

O ex-avançado dos dragões e do Benfica fala ao Maisfutebol dessa experiência, dias antes do regresso do FC Porto ao Estádio Sánchez Pizjuán. A conversa é repleta de curiosidades deliciosas.

«Sevilha? Que cidade! Veja bem, fiz o contrato com o Bétis na véspera do meu casamento. Casei e viajei logo para lá, nem lua-de-mel dei à minha esposa», recorda Vital, cuja última experiência no futebol profissional remonta a 2012 e à conquista do título nacional no Vietname, como técnico.

METADE DE SEVILHA É AZUL E BRANCA: «Y viva Oporto!»


Em Sevilha, Francisco Vital jogou um dérbi e ganhou por 4-1. «É do outro mundo. Nunca vi cenas de violência, mas brincadeiras e gozo não faltam. Nesse jogo, o guarda-redes do Sevilha levou literalmente com um par de chifres em cima», recorda.

Por esses dias, o Bétis detinha uma espécie de supremacia moral sobre o Sevilha. «Pelo que me lembro, 70 por cento da cidade era bética e originária de uma raiz mais popular. O Sevilha era das classes superiores e ganhava menos vezes».

Pese toda a rivalidade, a dimensão da cidade obriga a que Bétis e Sevilha convivam. Sempre, ou quase sempre, de forma pacífica. «Sim, pelo menos naquela altura era assim. O meu senhorio, por exemplo, era dirigente do Sevilha. A vivenda onde eu vivi, e antes o Oliveira, era dele», lembra Francisco Vital.

Como nota de rodapé, Vital deixa um conselho aos atletas do FC Porto. «Abstraiam-se do ambiente, pois as gentes de Sevilha sabem como perturbar os adversários. Se conseguirem ter a bola, a paixão deles vira-se contra a própria equipa».