Concluída a primeira jornada, as expetativas são as melhores: os três grandes prometem um campeonato intenso, longo e competitivo até ao fim.

Os três venceram os respetivos jogos, com uma justiça cristalina.

O Sporting foi o primeiro, na abertura do campeonato. Foi também o que teve o triunfo menos exuberante, o que é natural porque tinha o jogo teoricamente mais difícil.

Na Vila das Aves, no domingo, dois golos de Gelson Martins permitiram ultrapassar uma deslocação a terreno adversário sem sobressaltos e com os três pontos fundamentais. O Sporting entrou bem, num jogo em que Jorge Jesus recuperou os nomes grandes: ao contrário do que acontecera com Fiorentina e Mónaco, William e Adrien foram titulares.

Ora com os melhores as coisas são realmente mais fáceis e, mesmo sem fazer um grande jogo, o Sporting arrancou uma vitória justa, antes de se estrear em Alvalade.

Já FC Porto e Benfica foram bastante mais extravagantes.

Os dragões golearam o Estoril no Dragão, num jogo em que mostraram ser um rolo compressor: enorme pressão sobre o adversário, vontade de ter a bola, saídas rápidas para o ataque e várias ocasiões de golo, sobretudo na segunda parte: numa altura em que a equipa estava mais tranquila com o resultado, menos ansiosa e por isso mais solta.

O FC Porto mostrou ser uma equipa muito diferente do que era na época passada, muito mais exuberante, que gosta mais do futebol, menos calculista e pobre por isso mesmo.

Gosta de jogar, quer jogar, quer atacar e ameaça ser um perigo até quando é obrigada a defender: a forma como abre os dois avançados sobre a linha do meio campo em situações defensivas, arrastando os marcadores diretos com ele e gerando muito espaço no centro para a entrada dos médios ofensivos, promete tornar o contra-ataque sempre perigoso.

Já o Benfica é o oposto: uma equipa precisamente igual à da época passada, com apenas um reforço no onze: Seferovic. Mas os princípios, esses, são exatamente iguais. Uma equipa eficaz no ataque, que marca quando está a ser ameaçada e que vive muito do excelente talento individual: na quarta-feira, por exemplo, brilharam Jonas, Pizzi e o próprio Seferovic.

Jonas fez um golo, uma assistência e ainda começou a jogada do terceiro, enchendo o relvado de pormenores de classe. Seferovic fez um golo e ameaçou bisar em quatro remates perigosos, ele que é um animal de finalização: sempre pronto a rematar. Pizzi fez aberturas admiráveis, toques de calcanhar de puro talento e mandou no jogo.

No meio de tudo isto, os encarnados venceram o Sp. Braga por 3-1, um Sp. Braga que tentou sempre, que vendeu cara a derrota e que mostrou que tem na vontade o maior trunfo: a equipa não joga especialmente bem, gosta de lançar bolas da defesa diretamente para o ataque, mas tem muita energia, muito empenho, muita ânsia.

Vai a todas as bolas e luta por elas até ao último pingo de suor. Por isso, também, promete ganhar mais vezes na raça do que no talento: pelo menos com Abel Ferreira.

Destaque, de resto, para as vitórias de Portimonense, Rio Ave e Marítimo, sobre Boavista, Belenenses e P. Ferreira, respetivamente, que permitram às três equipas arrancar com uma vitória em casa este campeonato.

O Portimonense foi porventura o que teve o triunfo mais difícil, até porque o Boavista mantém Miguel Leal e bons princípios, mas uma segunda parte muito diferente da primeira permitiu à equipa algarvia dar a reviravolta no marcador (2-1).

Já Marítimo e Rio Ave impuseram uma natural supremacia, sobretudo os insulares que mostraram que há que contar outra vez com eles na luta pelas provas europeias.

Uma luta que também terá, certamente, o Vitória de Guimarães. 3-2 na receção ao Desp. Chaves para abrir a Liga.

O V. Setúbal e o Feirense, esses, não foram além de uma igualdade nas receções a Moreirense e Tondela, mostrando que estão aqui quatro equipas que vão dar a vida por cada ponto, provavelmente numa luta até ao fim pela manutenção.

Estes parecem ser os dados que sobram da primeira jornada. Certo, certo, é que o campeonato está de volta e há muito para discutir: seja bem-vindo, portanto.