Adrien Silva é um homem de causas sociais. Todos os anos organiza um torneio com o nome dele, em Arcos de Valdevez, para equipas de miúdos, nos próximos dias vai patrocinar também um jogo em França e, para além do futebol, no final de todos os anos escolares leva os alunos de Arcos de Valdevez a uma cidade europeia.
 
Em entrevista ao Maisfutebol, o médio do Sporting explica este apoio que dá às causas sociais, fala das dificuldades que sentiu quando chegou a Portugal, confessa que não falava uma palavra da língua e revela que passava as aulas à espera que a campainha tocasse para correr para junto do irmão, que também não falava português.
 
Por que vai fazer um jogo em Bordéus com os amigos?
Porque Bordéus é a minha terra natal, foi onde cresci, é uma cidade importante para toda a minha família, da qual tenho muito boas recordações. Esse convite surgiu e aceitei-o com muito gosto.
 
É uma equipa de amigos seus contra uma equipa francesa, não é?
Sim, é isso. São luso-descendentes com quem cresci e reuni também alguns jogadores para poderem participar nesta festa.
 
Também organiza todos os anos um torneio em Arcos de Valdevez. Porquê essa ligação às terras?
Porque é importantíssimo. Todas estas cidades deixaram-me grandes recordações, fizeram-me crescer e por isso só lhe posso retribuir desta forma: ao ver as pessoas fazerem o que mais gostam e o que eu adoro, que é jogar futebol.
 
Para além disso todos os anos leva alunos da escola de Arcos de Valdevez a uma cidade europeia, não é?
Sim. Quando eu cheguei a Portugal não falava uma palavra de português. Há uma amiga, que é professora nessa escola, que me ajudou muito, deu-me explicações particulares fora do horário escolar. Foi muito importante. Se não fosse ela teria tido muito mais dificuldades. Por isso o que faço é um agradecimento a essa amiga. Ajudo os miúdos nas viagens de fim de ano para que possam conhecer outros países.
 
Deve ter sido difícil para um miúdo que não falava a língua habituar-se a um novo país...

Foi difícil para mim, para o meu irmão e para a minha mãe. Nenhum de nós falava português. Apoiámo-nos muito um ao outro, estávamos na mesma escola e só queríamos que o intervalo chegasse para podermos estar juntos.
 
Quando começou a dominar o português?
A perceber português, foi ainda em Arcos de Valdevez. No fim de um ano já percebia. A falar, embora ainda com algumas dificuldades, foi no segundo ano em Portugal. Nessa altura já me desenrascava.
 
Hoje sente-se mais português do que francês?
Agora sim, muito mais. Claro que a França é a minha terra natal e é especial para mim, mas a minha pátria é Portugal.

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