*por Tomás Faustino

O Marítimo empatou a zero com o Famalicão, apurando-se pelo segundo ano consecutivo para as meias-finais da agora denominada Taça CTT. Na época transata, a primeira em que chegaram a tal fase da prova, os madeirenses eliminaram o FC Porto nas meias-finais, perdendo na final contra o Benfica por 2-1, num jogo ainda hoje lembrado pelos adeptos verde-rubros pela boa réplica que a equipa deu em campo.
 
Mas vamos ao jogo desta noite e podemos desde logo começar por realçar a diferente maneira com que os treinadores abordaram esta partida. De um lado, Nelo Vingada apostou no seu melhor onze, tentando rentabilizar ao máximo o pouco tempo que está com a equipa para moldá-la à sua imagem, para além da clara ambição de seguir em frente na competição. Do outro, Daniel Ramos voltou a dar aos atletas menos utilizados no campeonato a oportunidade de mostrarem aquilo que valem e se podem ou não ser úteis na longa e exigente caminhada que representa a 2ª Liga Portuguesa.
 
Porém, desengane-se quem pensou que isso seria sinónimo de tarefa fácil para o conjunto primodivisionário. Talvez por quererem mostrar serviço e justificar mais preponderância na equipa, os famalicenses mostraram muita personalidade e revelaram-se extremamente compactos, solidários e com o trabalho de casa bem feito.
 
O Marítimo entrou melhor na partida e tentou sempre jogar no meio-campo adversário, mas encontrou muitas dificuldades em criar perigo no último terço. A zona defensiva do Famalicão estava bem povoada e, tirando as arrancadas de Edgar Costa e Xavier quando ganhavam espaço nas laterais, o Marítimo praticamente só se via em remates de meia-distância que eram precisamente ilustrativos da complexidade em penetrar na área contrária.
 
Já o Famalicão, para além da competente organização defensiva, nunca deixava de explorar transições rápidas para o ataque, tirando partindo da dinâmica que Ibraima incutia no miolo, da qualidade de passe de Éder Diego um pouco mais à frente e da velocidade e habilidade tanto de Feliz como de Mendes, nas alas.


 
E se a primeira parte foi parca em claras situações de golo, a etapa complementar não foi muito melhor. Um jogo pobre, sem muita intensidade.
 
Na segunda parte o jogo esteve interrompido devido a problemas de iluminação e assistências prestadas em campo a Chastre e Romário. O Famalicão jogou mais avançado no terreno e teve maior propensão ofensiva que na primeira parte, mas o Marítimo continuou com muita dificuldade em impor o seu futebol, apesar da superioridade na posse de bola. O maior lance de registo acabou mesmo sendo um cabeceamento de Romário à barra da baliza defendida por Chastre, na sequência de um pontapé de canto. Pouco. Muito pouco. Mereciam mais os incansáveis adeptos verde-rubros…
 
Daniel Ramos pode-se dizer que volta a ser feliz numa ilha em que fez história ao serviço do União local, pois pontuar na casa de um candidato europeu num jogo em que utilizou atletas com menor rodagem e ritmo competitivo só pode ser positivo. Quanto a Nelo Vingada, fica ainda mais vincada a certeza de ter um longo caminho pela frente…