O Feirense precisava de vencer o FC Porto e esperar por uma derrota caseira do Marítimo diante do Famalicão para seguir em frente na Taça da Liga, tendo ainda a necessidade de conseguir recuperar de uma diferença de cinco golos.

Parecia missão impossível, mas facto é que a equipa de Pepa cumpriu a sua parte ao vencer por 2-0 esta noite. Na verdade, parece coisa simples vencer o FC Porto por estes dias. Ainda assim, este é um triunfo histórico, o primeiro do Feirense em 14 confrontos com os dragões.

O FC Porto cumpriu o pleno de derrotas na Taça da Liga, onde no espaço de uma semana perdeu em casa de Famalicão e Feirense – equipas da II Liga que estão bem atrás da equipa B dos azuis e brancos.

O jogo contava pouco e José Peseiro, na segunda partida em que orienta a equipa, decidiu arriscar pela segunda vez um sistema novo.

O 4-3-3 habitual passou a um 4-2-3-1 no jogo de domingo, frente ao Marítimo, para a Liga, e agora a um 4-4-2 losango, com Varela a jogar nas costas de Suk e André Silva.

DESTAQUES: onze dragões perdidos na Feira

O novo treinador não repetiu nenhum jogador em relação ao último jogo e recorreu à equipa B: o lateral direito Victor Garcia e o defesa-central Chidozie foram titulares e todo o banco portista era composto por jogadores provenientes da formação secundária.

Peseiro arriscou e, para já, perdeu. Não é que, no entanto, a derrota deva ser sobrevalorizada num jogo em que o FC Porto apresentou o seu lado B e o técnico testou soluções.

Tirar o espírito de Lopetegui da equipa portista é um processo difícil e dura o seu tempo. Não é de um momento para o outro que uma equipa passa a praticar um futebol vibrante depois de época e meia a cultivar um sistema estático e previsível baseado numa posse de bola estéril.

Ainda assim, nesta fase não resta alternativa a Peseiro que não seja arriscar. E através disso testar um sistema em que o meio-campo-ofensivo e o ataque estão bem mais povoados em comparação com a cratera que Lopetegui deixava no espaço do n.º 10 e da solidão permanente em que vivia quem tinha as funções de n.º 9.

Viu-se pouco futebol no Marcolino de Castro esta noite e ainda menos diferenças entre os patamares de FC Porto e Feirense.

No primeiro tempo, tudo se resumiu a um par de lances de relativo perigo junto das balizas e a uma grande penalidade, duvidosa, assinalada por Cosme Machado por falta de Rúben Neves sobre Vieirinha, com Hélder Castro a colocar os feirenses em vantagem aos 39 minutos.

A precisar de vencer por muitos golos e esperar que o Marítimo escorregasse em casa, o Feirense entrou melhor no segundo tempo e quase marcou: num remate às malhas laterais de Agostinho Carvalho, aos 50’, numa saída em falso de Helton, e quatro minutos depois num cabeceamento de Vieirinha.

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Daí em diante o FC Porto foi encostando o Feirense à sua área, mas a falta de ideias era gritante e os lances de pouco esclarecimento com a bola nos pés sucediam-se: remates de fora da área longe do alvo, contra-ataques desperdiçados... E a título individual cruzamentos para fora dos laterais, sobretudo Victor Garcia, Imbula desastrado no meio-campo (o que já nem é notícia) e Suk e André Silva sem se entenderem lá na frente.

Porém, tudo o que está mau pode piorar… O lado B de Peseiro desafinou e o dragão mostrou-se ainda mais moribundo do que já aparecera nos últimos jogos, recebendo a última estocada na Taça da Liga num lance que é uma mistura de azar e desconcentração defensiva: Meza rematou, mas a bola acabou por sobrar para os pés do recém-entrado Porcellis, que com os centrais desatentos e Helton batido, fez o 2-0.

Um resultado mau, exibição pobre e uma equipa deprimida, que terminou o jogo a ouvir «olés», a dizer adeus a uma competição que foi um verdadeiro tormento.
 
Um dado relevante: cinco derrotas averbadas no espaço de um mês... Assim vai o FC Porto.