[Este texto contém imagens que podem impressionar os leitores mais sensíveis]

Uma das imagens da primeira noite da Liga dos Campeões 2015/16 certamente não foi vista por todos os espectadores. Os mais sensíveis ficarão pela descrição do momento em que Luke Shaw sofreu a horrível lesão na perna direita (dupla fratura) no PSV-Manchester United.

O jovem lateral dos «Red Devils» tem toda a época praticamente estragada, com uma prolongada paragem e uma delicada recuperação pela frente. Um azar enorme. Mas que está, infelizmente, longe de ser caso único, ou raro.

Aliás, nem 24 horas tinham passado sobre o momento e já um caso semelhante acontecia...em Portugal. O sportinguista Mauro Riquicho também se lesionou com gravidade no encontro entre o Sporting B e o Leixões. 

Ossos do ofício, costuma dizer o povo. Na verdade, é uma sentença que encaixa mal neste caso. Não é suposto que aconteçam casos tão graves num relvado. Mas acontecem.

O Maisfutebol assume que, tal como a qualquer leitor mais sensível, este foi um trabalho difícil de escrever. Mas aqui fica. Para além de Luke Shaw e Mauro Riquicho, mais dez lesões arrepiantes na história do futebol.

Menções honrosas: Patrick Battiston (1982) e Petr Cech (2006)

A Física tem uma lei que justifica casos como estes: é impossível dois corpos ocuparem o mesmo espaço. Quando alguém «tenta» que aconteça, normalmente corre mal.

No Mundial de Espanha, em 1982, foi evidente que Harold Schumacher, guarda-redes alemão, e o francês Patrick Battiston não iriam caber no mesmo palmo de relvado. O germânico foi, para sermos simpáticos, mais efusivo na forma como quis mostrar que aquele espaço era para si. O choque, violento, minutos depois de Battiston entrar no relvado, entrou para os livros de história. Não foi marcada qualquer falta, Schumacher ficou em campo, Battiston saiu de maca.



Também com um guarda-redes no enredo, mas desta vez como «vítima». O último jogo de Petr Cech sem a já famosa proteção na cabeça aconteceu em 2006, num Chelsea-Reading. Um choque com Stephen Hunt, bem menos intenso do que o de Schumacher, mas igualmente doloroso e perigoso. A estética nas balizas do checo mudou para sempre.



1- Djibril Cissé, azarado a dobrar (2004 e 2005)

Duas fraturas em menos de um ano? Djibril Cissé viveu dias muito difíceis entre 2004 e 2005. A primeira aconteceu num jogo do Liverpool frente ao Blackburn Rovers, numa época que acabou, contudo, com o francês a jogar na histórica final de Istambul, ganha ao Milan. A alegria durou pouco. Num particular da seleção francesa com a China voltou a sofrer uma fratura, o que indiciou que a recuperação não foi tão ponderada como deveria.



2- Henrik Andersen, um grito que diz tudo (1992)

Meias-finais do Euro 92, entre a Holanda e a surpreendente Dinamarca. Num lance aparentemente inofensivo, Henrik Anderson fica caído no relvado ao tentar tirar uma bola a Marco Van Basten. Os momentos que se seguem são preocupantes: o esgar de dor na cara do dinamarquês enquanto olha para o osso deslocado na sua perna confirma a gravíssima lesão. Onze meses de baixa.



3- Eduardo da Silva, quando um vermelho é pouco (2008)

Contratado ao Dínamo Zagreb, Eduardo começava a afirmar-se como opção sólida no Arsenal. Vinha já com 30 jogos e 12 golos, somando todas as competições, naquela época de 2007/08. Na 27ª jornada da Premier League é titular frente ao Birmingham, mas deixa o relvado de maca, logo aos 8 minutos, após uma entrada assassina de Martin Taylor, que vê vermelho direto. A Sky Sports, que transmitia o jogo, optou por nem mostrar repetições do lance, tamanha a violência da imagem. Está aqui, se quiser espreitar.

4- Wasilewski e um lance que marcou Witsel (2009)

O Clássico belga entre Anderlecht e Standard Liège era o cenário. Axel Witsel, que começava a fazer despontar o talento que agora se conhece e que o trouxe ao Benfica, protagoniza uma entrada violenta sobre o polaco Wasilewski. Resultado: tíbia e perónio fraturados. Witsel foi expulso, apanhou oito jogos de castigo mas uma pena mais duradoura: o lance perseguiu-o e era-lhe invariavelmente lembrado. Quando chegou a Portugal foi assim, por exemplo…



5- Rui Águias, quando Kiev ficou ainda mais gélida (1991)

Depois da passagem pelo FC Porto, entre 1988 e 1990, Rui Águas estava de volta ao Benfica e o primeiro ano foi, até, o mais produtivo de sempre: 25 golos na Liga e título de melhor marcador. No ano seguinte somava já cinco golos em dez jogos quando chegou a lesão mais grave da carreira. Partiu a perna em Kiev, em jogo da Taça dos Campeões Europeus que o Benfica perdeu por 1-0. Foi em novembro. Voltou em abril, ainda fez oito jogos, mas só marcou mais um golo.


A capa do jornal «A Bola» com a lesão de Rui Águas

6- Henrik Larsson, um clássico arrepiante (1999)

Esta é uma das mais mediáticas. A imagem da perna de Larsson pendurada, num Lyon-Celtic da Taça UEFA de 1999, é presença habitual nas várias compilações de lesões horríveis que proliferam na internet. Um lance acidental e um desfecho arrepiante. Anos mais tarde, o sueco confessou que chegou a temer que a sua carreira acabasse logo ali.



7- David Busst, quando Schmeichel vomitou (1996)

É difícil escolher a lesão mais arrepiante numa lista como esta, mas David Busst, do Conventry é forte candidato. A dupla fratura exposta no jogo com o Manchester United, transformou o relvado numa poça de sangue e, rezam as crónicas, fez até o gigante Peter Schmeichel vomitar junto à baliza.
 
8- Pedrag Jokanovic e as desculpas de Latapy (1995)

União da Madeira-FC Porto. Jokanovic, o motor do miolo insular, arranca para o meio campo portista, quando Latapy entra em tesoura. Duríssimo. Fratura para o sérvio, amarelo para o portista. Recentemente, em entrevista ao Maisfutebol, o tobaguenho recuperou o lance.

«Não foi com maldade, nunca quis magoar um colega de profissão. Entrei duro, sim, mas sem maldade. Ainda bem que, anos depois, consegui falar com ele, pedi-lhe desculpas e deu para resolver as coisas. Hoje se nos encontrarmos falamos e esquecemos isso»
, garantiu. E ainda bem.

9- Ewald Lienen, a correr de perna aberta - literalmente! (1982)

Tão impressionante como a lesão, é a forma como Ewald Lienen, do Arminia Bielefeld, reagiu à mesma. Sofreu uma entrada de Norbert Siegmann, do Werder Bremen, que, com os pitons, lhe abriu um rasgo de 25 cm na coxa. Viu o estrago e, no meio do desespero, levantou-se, de perna aberta, e questionou Otto Rehhagel, treinador do Bremen, a quem culpava pela atitude agressiva dos rivais.

Provando que é um dos duros do futebol, estava de volta aos treinos cerca de 15 dias depois, mesmo tendo levado 23 pontos na perna!



10- Alfe Inge Haalad, uma vingança gelada (2001).

Um caso óbvio de alguém que se meteu com a pessoa errada. Quando alinhava no Leeds United, o defesa norueguês acabou por ser responsável involuntário de uma grave lesão em Roy Keane, do Manchester United. O irlandês rompeu os ligamentos quando entrava sobre o rival. Haaland aproveitou para dizer, publicamente, que Keane estava a aproveitar a lesão para escapar a uma punição sobre a entrada.

O médio ouviu e não gostou. Mais do que isso. Não esqueceu. Em 2001, estava já Haaland no Man. City, reencontraram-se. Num lance a meio campo, Keane viu-o, esticou a perna e, sem qualquer intenção de jogar a bola, foi direto ao joelho. Rotura de ligamentos. Uma vingança gelada.