A melhor equipa de Portugal consagrou-se como tal no palco de honra do futebol português.

Nada mais justo, portanto.

Pelo caminho sublinhou a letra dourada esta caminhada que começou em 2016 e entrou por 2017 adentro, juntando a Taça de Portugal à Liga. Ganhou as duas maiores competições do futebol português, mais a Supertaça, é verdade, o que faz de facto todo o sentido: faz sentido que a melhor equipa ganhe mais vezes.

Nesta altura vale a pena recordar, por exemplo, o segundo golo. Foi um hino ao futebol.

Começou junto à área defensiva do Benfica, numa recuperação de Luisão. Desde então foram dezoito passes, dezoito, com o V. Guimarães a correr sempre atrás da bola.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores 

Passou por Nelson Semedo, Pizzi, Samaris, Cervi, Salvio, enfim, passou por vários jogadores, foi à frente e voltou atrás, até Jonas abrir na direita em Nelson Semedo, que cruzou direitinho para Salvio cabecear para o fundo da baliza. Um golo só ao alcance de uma grande equipa, repete-se.

Convém no entanto referir que este Benfica-V. Guimarães esteve muito longe de ser um grande espetáculo, ou um passeio sobre pétalas para os encarnados. Muito longe, mesmo.

Antes de mais porque o jogo tomou o caminho que as finais correm sempre o risco de tomar: o caminho do calculismo. É uma final, lá está, um encontro demasiado importante para se falhar. Por isso, e durante praticamente toda a primeira parte, foi um futebol cheio de cautelas e caldos de galinha, um jogo prudente, prevenido e previdente.

As duas equipas lutaram por cada metro como se disso dependesse a sobrevivência do mundo, mas nenhuma delas teve o golpe de asa de descobrir metros desconhecidos ou terrenos descobertos.

Jonas ajudou a desbloquear o triplete: os destaques do Benfica

Praticamente só lutaram, na verdade.

Por isso foi um futebol sofrível, muitas vezes. Sobretudo na primeira parte. Era no fundo um jogo de xadrez, à espera de um erro que desfizesse o compasso de espera e tornasse isto tudo num jogo de futebol. Ora esse erro chegou no segundo tempo, detonado por um imperfeição de Miguel Silva.

Logo aos 48 minutos, o guarda-redes do V. Guimarães lançou-se mal a um remate do meio da rua de Jonas, acabou por afastar a bola para a frente e permitiu a Jimenez inaugurar o marcador.

A partir daí o jogo nunca foi o mesmo.

O Benfica soltou-se, deixou a criatividade vir à tona, trocou o calculismo pela confiança de quem é campeão e fez logo a seguir o tal grande golo de que já se falou. Foram cinco minutos demolidores. Depois disso a equipa cresceu e ficou muito perto do terceiro, quando Jonas atirou ao poste.

Vertigem de Bruno Gaspar não chegou: os destaques dos conquistadores

O V. Guimarães, esse, trouxe a força de uma massa adepta incrível, a força de uma cidade que ama o futebol, a força de quem se entrega ao jogo de alma e coração.

Mas a verdade é que só ameaçou de bola parada. Marcou na sequência de um canto, ameaçou num outro canto em que Rafael Miranda atirou a rasar o poste e num livre de Marega também muito perto do poste. O Benfica, esse, ficou mais perto de aumentar a vantagem do que de sofrer o empate. Pizzi e Raul Jimenez, por exemplo, falharam escandalosamente o terceiro golo.

Mas assim também está bem. O V. Guimarães tornou a final espirituosa, mereceu sair de cabeça levantada. O Benfica, esse, saiu com a Taça e consagrou-se como melhor equipa de Portugal.

Nada mais justo, repete-se.