A Liga voltou na Luz numa tarde feliz para o Benfica. Feliz se descontarmos mais duas saídas forçadas por problemas físicos. O jogo com o Paços (3-1) correu de feição. Um Benfica de rosto muito diferente, com jogadores a estrear-se, outros a regressar de duas semanas nas seleções, disfarçou as adaptações e os cansaços com qualidade individual e fortuna. Fez os golos em momentos chave, explorando o filão sérvio mas aproveitando a alma argentina. Ganhou três pontos para ajudar a recuperar os que perdeu e ganhar moral antes da Liga dos Campeões, de caminho afundou mais ainda um Paços demasiado macio que continua à procura do primeiro ponto, jogadas que estão quatro jornadas.

Eram duas equipas que chegavam aqui a precisar de algo diferente, pressionadas a fazer melhor do que fizeram até aqui na Liga e forçadas também a mudar, por causa de lesões ou das entradas e saídas do final do mercado. No Benfica, Jesus estreou Siqueira no lado esquerdo da defesa, colocou Ruben Amorim ao centro com Matic, devolveu Enzo Pérez à ala direita e deu a titularidade a Markovic na esquerda. Também recuperou para o onze titular Cardozo, o caso do defeso.

Costinha estreou os dois últimos reforços, Seri no meio-campo e Bebé na frente. Além disso recuperou Tony para a lateral direita, e deu a titularidade a Ruben Ribeiro e Manuel José.

Numa tarde quente na Luz, o jogo começou depois de uma homenagem bonita, com um minuto de aplausos enquanto passavam nos ecrãs os nomes dos bombeiros que morreram este verão no combate a fogos em Portugal.

Em campo, o jogo ainda procurava uma tendência quando, marcava o relógio quatro minutos, Enzo Pérez o inclinou a favor do Benfica. Uma combinação entre Lima, Amorim e Cardozo e um remate forte sobre a direita colocaram o Benfica em vantagem.

Os minutos que se seguiram deram a medida de como este golo valeu ouro para o Benfica. O Paços organizava-se bem e conseguia ter mais bola que os encarnados.

Mas o Benfica tem mais qualidade, e mais experiência. Como ficou claro no livre do 2-0, um lance com trabalho de casa. Em vez de rematar, Cardozo deu para Enzo Pérez. Markovic fez o resto, cruzou para a área, onde apareceu Garay a encostar.

O Benfica punha-se a salvo de sobressaltos. Mas não se punha a salvo de mais azar com lesões. Depois de três substituições forçadas no derby, à meia hora Ruben Amorim queixou-se e Jesus foi forçado a tirá-lo e a estrear Fejsa.

Com o andar do tempo o Paços ia cedendo às fragilidades. Há boa vontade na equipa de Costinha, há alguma qualidade e até algumas ideias sobre o que fazer à bola, mas falta muita coisa. Confiança, antes de mais, mas também rotinas, concentração, agressividade, muito do que define uma equipa competitiva.

E depois, faltou um bocadinho de vento a favor. Bebé esteve perto do 2-1 em cima do intervalo, mas não conseguiu bater Artur. E quando Ruben Ribeiro conseguiu finalmente marcar o primeiro golo na Liga para o Paços, aos 50 minutos, a equipa nem teve tempo de saborear o momento. O Benfica respondeu de imediato com o 3-1. Um canto batido por Enzo Pérez e Garay apareceu a bisar no jogo. Três golos argentinos, num dia em que muitas das atenções estavam concentradas nas novidades sérvias na Luz.

Faltava mais de meia hora para jogar, mas estava feita a história do jogo. No banco do Paços, Costinha tentou mudar alguma coisa, mas a equipa já não acreditava. E o Benfica ia gerindo.

Sem mandar de forma clara no jogo, sem grande intensidade. Mas resistiu, e resistiu também à saída de Siqueira, com queixas físicas. No caso do lateral, Jesus diz que acusou apenas a falta de ritmo.

A recorrência de lesões (Enzo também saiu em dificuldades) é outro dos factos deste jogo. A ver como evoluem os muitos casos na Luz, que na terça-feira há jogo com o Anderlecht para a Liga dos Campeões. Por muita profundidade que tenha o plantel do Benfica (que tem, mais ainda esta época), há limites.