*Com Tiago Filipe Silva

Acredita em coincidências?

Pense bem na resposta que vai dar antes de ler sobre o final daquilo que já era chamado de «maldição da Madeira», para o FC Porto. Terminou a onda de jogos sem vencer no arquipélago (foram seis) e com uma daquelas coincidências que fazem levantar suspeitas ao mais ateu dos adeptos.

Ora, se esta noite o FC Porto vencia o União da Madeira por 3-0 aos 22 minutos, na última vez que ganhou em solo madeirense também vencia 3-0 aos 22 minutos! Nem mais, nem menos. 

O triunfo frente à equipa de Luis Norton de Matos é o primeiro na Madeira desde a 28ª jornada da Liga 2012/13, quando a equipa, na altura, comandada por Vítor Pereira, bateu o Nacional por 3-1. Tal como esta quarta-feira, o jogo foi na Choupana.

Nos dois anos seguintes, em que o título fugiu para o Benfica, a equipa portista não conseguiu triunfar em solo madeirense. Para Julen Lopetegui, de resto, este é o primeiro triunfo no arquipélago.

Aliás, antes do jogo que acabou por ser adiado, o treinador portista tinha dito mesmo que não acreditava numa «malapata na Madeira», mas os números começavam a não deixar outro caminho. Foram seis jogos sem ganhar.


FC Porto empatou com Marítimo na 2ª jornada

Confira o registo de jogos do FC Porto desde a última vitória:

Nacional-FC Porto (1-3) – jornada 28 da Liga 12/13
Marítimo-FC Porto (1-0) – jornada 17 da Liga 13/14
Nacional-FC Porto (2-1) – jornada 25 da Liga 13/14
Marítimo-FC Porto (1-0) – jornada 18 da Liga 14/15
Nacional-FC Porto (1-1) – jornada 26 da Liga 14/15
Marítimo-FC Porto (2-1) – meia-final da Taça da Liga 14/15
Marítimo-FC Porto (1-1) – jornada 2 da Liga 15/16

Penalti de Lucho fechara a última vitória

A seca de triunfos portistas durava, então, há quase dois anos e meio. A última vitória na Madeira, antes desta, datava de 4 de maio de 2013, no tal jogo com o Nacional, na Choupana.

O encontro terminou com um 3-1 favorável aos dragões, que precisaram dos tais 22 minutos para sentenciar a partida, com golos de James Rodríguez, Mangala e Lucho González, este último de grande penalidade.

Candeias, jogador que agora alinha no Metz de França por empréstimo do Benfica, ainda reduziu para os insulares ao minuto 27, também de penalti, mas não se registaram mais alterações.

Desse duelo, na equipa do FC Porto restam três jogadores, sendo que só Varela jogou ambos. Helton foi titular e esta quarta-feira não saiu do banco. Maicon foi suplente utilizado esta noite, mas na altura também começou de fora só que não chegou a entrar.

Lopetegui nunca vira três golos aos 22 minutos

Ao triunfo de 2013 seguiram-se seis jogos sem o conseguir, com quatro derrotas e dois empates. Nesse período, os dragões marcaram apenas quatro golos. Registo pobre.

E dois desses resultados até tinham sido traumáticos. A derrota com o Marítimo impediu a equipa de chegar à final da Taça da Liga. Mau. Mas, ao olhar do adepto, certamente foi ainda pior o empate com o Nacional, horas depois de o Benfica perder em Vila do Conde com o Rio Ave. Num jogo em que o FC Porto até esteve a ganhar, salvou-se apenas um ponto. Quando poderia ficar a um ponto do Benfica, ficou a três.

Esta época, à segunda jornada, o FC Porto voltou a perder pontos na Madeira e também com um empate a um, mas frente ao Marítimo. O golo portista foi de Herrera, tal como o tento que abriu o ativo esta quarta. O mexicano só tem esses dois golos na Liga, isto é, só marca na Madeira. 

Quanto ao FC Porto, à segunda tentativa, e depois de o encontro até ter sofrido um adiamento, veio o final da malapata. A vitória por 4-0 permite, de resto, no acerto do calendário, deixar os portistas a dois pontos do Sporting, líder da Liga. Missão cumprida no fundo.

Os três golos em 22 minutos são, de resto, o melhor registo de sempre do FC Porto de Julen Lopetegui. O golo de Jesus Corona, o terceiro, fez a diferença, uma vez que o 2-0 ao minuto 14 não era o melhor arranque de sempre do espanhol ao serviço do FC Porto. Fizera melhor contra, porventura, o mais improvável dos adversários: o Bayern Munique. No jogo do Dragão, ganho por 3-1, um bis de Quaresma aos dez minutos vale o melhor registo nesse capítulo.

Esta é, ainda, a maior vitória fora de portas da temporada. O FC Porto tinha conseguido três golos em Arouca e no jogo de Haifa, com o Maccabi Telavive (duas vitórias por 3-1), mas Danilo ultrapassou esse registo com o cabeceamento certeiro já na reta final.

A nível global é o terceiro maior triunfo fora de portas de Lopetegui. A melhor marca são os 5-0 ao Arouca, na temporada transata, de onde também em o segundo melhor registo: 5-1 ao Gil Vicente.

Estes 4-0 igualam, por fim, o melhor resultado global da época. Na 7ª jornada, o FC Porto também venceu por 4-0, no caso o Belenenses.