Aí está a segunda! José Mourinho é bicampeão europeu e junta-se a Happel e a Hitzeld na lista dos que venceram por dois clubes diferentes. O Inter conquista a terceira 45 anos depois de fazer chorar o Benfica e o treinador português oferece uma prenda à família Moratti e pode assinar feliz com o Real Madrid. Diego Milito foi o herói com os dois golos apontados, mas também Cambiasso com cortes fantásticos, Sneijder com a primeira assistência e Júlio César com uma defesa monumental quando o resultado estava 1-0. O Inter ganhou como equipa e o «Lo Speciale» começa desde já a ser feliz no Bernabéu.

José tornou-se «imortal»

Os largos segundos de Butt com a bola nos pés, na sua grande área, a tentar chamar o Inter, quando apenas decorriam 24 minutos de jogo, eram sintoma que a excelente entrada dos «nerazzurri» esmorecera e de que tinham voltado a fechar-se na sua concha, como gostam tanto de fazer. Depois da tentativa de surpresa a um Bayern que tinha reclamado o estatuto de equipa atacante, os milaneses assumiam a estratégia previsível, encurtando o espaço entre as linhas e começando a injectar o veneno todo nas desmarcações de Milito. Os alemães, vendo que a ameaça era ténue, permitiam-lhe ganhar todas as bolas de costas para a baliza, fazendo de «pivot» para os avanços de Etoo, Sneijder e Pandev.

Num pontapé de baliza aos 35 minutos, o argentino voltou a receber perante a permissividade de Demichelis, passou para Sneijder e correu que nem um louco deixando o compatriota para trás. Recebeu de novo a bola e teve a calma suficiente para simular antes de atirar para o lado esquerdo do antigo guarda-redes do Benfica, lançando junto àquela baliza a candidatura a melhor jogador da Champions (sim, há Messi...) e consagrando o colega holandês como melhor criador de golos da liga milionária, com seis. O tal 0-1 que os alemães tanto temiam, com medo de o não virar, aconteceu mesmo. O Inter até nem estava a ser seguro como antes, mas chegava ao intervalo a vencer.

É verdade que o Inter até podia ter sofrido primeiro. Aos 16 minutos, Maicon cortou uma bola com a mão na área, após cabeceamento de Van Buyten. Braço levantado de forma evidente que interrompeu o caminho da bola para a baliza de Júlio César. Howard Webb não viu e os «nerazzurri» salvaram-se de boa.

Antes do intervalo, a equipa de Mourinho até podia ter feito o segundo, com Sneijder a não finalizar correctamente mais um grande trabalho de Milito. Butt defendeu o tiro à figura. O descanso chegou pouco depois. E o Bayern acelerou logo no regresso. Os dois guarda-redes mostravam finalmente o seu valor. Júlio César negou o empate a Müller na primeira jogada, após passe de Altintop. Na resposta, foi Butt a brilhar, logo depois de Milito ter destroçado o flanco direito bávaro. Pandev rematou de primeira, mas o alemão opôs-se, cedendo canto.

Chegaria aos 66 minutos um dos grandes momentos do jogo. Remate em arco de Robben e voo espantoso de Júlio César para uma defesa monumental com a mão esquerda. O Bayern continuou a lutar, a tentar, empurrando, empurrando o Inter até ao limite da área, fazendo de Etoo às vezes lateral e Cambiasso central, mas sentia-se que um bom contra-ataque podia acabar com tudo. Aos 70, Etoo fez um passe simples para Milito, que tinha Van Buyten pela frente para o um-para-um. O vai-para-o-meio-afinal-não-vai partiu os rins ao belga e abriu a porta do 2-0. Fabuloso! Os bávaros estavam derrubados.

O Inter conquista com justiça a terceira taça da sua história. Simplesmente, porque criou problemas que o Bayern nunca soube responder. Fosse a defender ou a atacar. E o contrário foi verdade. À excepção de um ou outro momento de aflição, Lúcio, Samuel, Cambiasso ou Júlio César controlaram os bávaros. O pupilo ganhou ao mestre pelo qual nutre um respeito enorme. Missão cumprida, Mou! Que venha o Real Madrid!