Durante boa parte desta época, o Belenenses viveu um conto de fadas. Depois de um ano particularmente difícil, em que se salvou da descida à II Liga nas últimas braçadas, o clube do Restelo regenerou-se. Transcendeu-se, até.

Garantida que estava a manutenção, a Europa parecia ser o compromisso seguinte (e legítimo) do histórico de Lisboa.

Mas, em poucas semanas, o Belenenses viu sair Lito Vidigal, numa altura em que as vitórias já estavam a ficar caras para os lados de Belém. Desde a 22.ª jornada que os azuis do Restelo não conheciam o sabor dos triunfos e desde o fim da primeira volta que não somavam os três pontos na condição de visitados.

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Este sábado, o Belenenses reencontrou o caminho das boas exibições, vencendo o Moreirense num jogo que ficou praticamente decidido nos instantes finais da primeira parte. Mas já lá vamos ao epílogo, até porque todas as histórias devem começar pelo princípio, ou (vá lá, ok!) por onde interessa!

E interessa começar esta história pelos últimos minutos da primeira parte, até porque durante os primeiros 40 minutos as equipas apresentaram-se com muita vontade, mas pouco discernimento, onde o erro foi nota dominante nas duas equipas.

Em campo, só Carlos Martins parecia distinguir-se no meio de um vazio de ideias. O médio chegou ao Restelo na reabertura do mercado e assumir-se-á, caso as lesões lhe deem tréguas, como o patrão natural do meio-campo do Belenenses.

O golo chegou quando menos se esperava. Miguel Rosa serviu Sturgeon e atacante do Belenenses fez o que quis da defesa do Moreirense, puxou para a direita e atirou para o fundo das redes sem hipóteses para Marafona na primeira grande ocasião de golo do encontro.

Tão cedo os jogadores do Moreirense não vão esquecer os minutos finais desta partida. Bola ao centro após o golo de Sturgeon, tempo para um livre e quando ainda estávamos a atualizar o estado (leia-se, o resultado do jogo), Carlos Martins bateu um livre para a área minhota e a bola só parou dentro da baliza. 2-0, olho de falcão… veredicto! Danielson, defesa do Moreirense, penteou a bola e traiu Marafona.

Pior final de primeira parte seria quase impossível. Quase, até porque já em período de descontos Miguel Leal viu a sua equipa ficar reduzida a dez, por expulsão direta de Alex.

O Moreirense ia para o descanso de joelhos. Com dois socos no estômago, órfão do homem da frente. Ah! E com duas substituições queimadas, por lesão: saídas de João Pedro e de Bolívia para as entradas de Gerso e Lucas Souza.

Miguel Leal tinha pela frente uma tarefa difícil para o segundo tempo. Tão difícil como fazer escalada sem arnês. A formação minhota arregaçou as mangas e foi à luta. Acreditou que era possível, disputou o que restava do jogo olhos nos olhos, mesmo correndo o risco de cair do penhasco. E esteve perto de reduzir para a diferença mínima quando a bola percorreu, caprichosa, a linha de golo.

Nesta história não houve heróis. O Belenenses geriu o jogo, podia ter ganho por mais, mas também por menos. Esta história tem princípio, meio e fim naqueles cinco minutos de sonho para os lisboetas e fatídicos para a formação minhota.

O Belenenses volta a olhar com legitimidade para a zona europeia (agora com 39 pontos) depois de estancada uma série de quatro jogos sem ganhar na (re)estreia de Jorge Simão perante o público do Restelo. Já o Moreirense, no ano de regresso à Liga, mantém-se onde estava. Tranquilamente instalado nos lugares do meio da tabela e com a permanência já assegurada. Nada mau!