«O que conta é o campeonato dos três grandes. Os pequenos são carne para canhão»

Manuel Machado é um homem de expressões elaboradas e também de reflexões interessantes.

No final do jogo do Dragão, em que o FC Porto venceu tranquilamente o Moreirense por 3-0, o técnico dos Cónegos fez uso do seu imaginativo léxico, potenciado pela sua veia professoral, para dizer que «tange o abjeto» a disparidade de meios entre os grandes e os outros.

Porém, mais do que a expressão curiosa, o essencial foi o alerta para o facto de o equilíbrio entre competidores que sustenta o espetáculo no futebol português estar em risco, quando cada vez mais o negócio e o mediatismo gira em torno de Benfica, FC Porto e Sporting, que precisamente cilindraram os seus adversários desta jornada.

Mais do que um discurso de vitória ou derrota, Machado foi à raiz do problema e cortou a direito.

Não só na conferência de imprensa, como na entrevista rápida, logo a seguir ao jogo, onde resumiu a sua posição e lançou o alerta: «Ou há um nivelamento maior entre os clubes ou o espetáculo vai acabar. Os clubes pequenos são carne para canhão. Os espetáculo perde interesse, os adeptos afastam-se dos estádios, os melhores jogadores saem para o estrangeiro, enfim, nada de bom vem deste desnivelamento. Assim, um dia o negócio futebol vai acabar.»