PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Ideias soltas, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera. PLAY.

SLOW MOTION:

«THE DEATH MATCH» - de Danny Arruda

Quantas vezes damos por nós a refletir sobre a verdadeira importância do futebol nas nossas vidas?

Será este jogo, por nós amado, muito mais do que uma questão de vida ou de morte, como advogava o mestre Shankly?

Como é que nos envolvemos desta forma, quase libidinosa, com o jogo e os clubes? Terá razão o maior dos maiores, Nélson Rodrigues? «Não somos nós que escolhemos o Fluminense [coloque aqui o seu clube], é o Fluminense que nos escolhe».

Dei por mim a coçar a cabeça – perdoem-me a imagem – e a concluir o quão especial e mágico é, de facto, o futebol. Amo-o, para sempre, independentemente dos agentes que insistam inquiná-lo.

Formulei as questões supracitadas enquanto via este documentário.

II Guerra Mundial, a cidade de Kiev ocupada pelas forças da Alemanha Nazi, um clube chamado FC Start (ainda existe e dá pelo nome de FC Volga Ulyanovsk) e o jogo de futebol que mudou o mundo.

O sucesso do FC Start tornou-se uma ameaça para as forças ocupantes. No entender da hedionda SS, as vitórias da equipa alimentavam o espírito do povo oprimido. Conclusão: organizou-se uma espécie de tira teimas num relvado de futebol.

Não vos quero contar toda a história, mas não resisto a saltar diretamente para o triste final: todo o plantel do FC Start foi preso, quatro dos seus atletas acabaram por ser executados.

O futebol numa versão menos formosa, sim, mas sempre irresistível.



PS: «Game of Thrones» - David Benioff e D.B. Weiss
Aqui vai uma afirmação polémica: esta é a melhor série jamais realizada. Polémica, eu sei, mas absolutamente verdadeira.

Estávamos todos ansiosos pelo regresso das brilhantes histórias do reino de Westeros, criadas na não menos brilhante mente de George R. R. Martin.

O massacre no Red Wedding levou mais algumas personagens marcantes e, porém, a história resiste. Sólida, intrincada, viciante. Tão viciante que a sigo também nos livros de Martin.

Já não resisto à personalidade camaleónica de Tyrion Lannister, à malévola Cersei Lannister, à bela Daenerys Targaryen, ao agora maneta Jaime Lannister, ao viperino Varys, ao heroico e ingénuo Jon Snow.

Há mais, há muito mais. E eu não descanso enquanto bão vir a cabecinha loura do Rei Joffrey empalada nas muralhas de Porto Real (ou King's Landing). Vamos lá ao segundo episódio da quarta temporada.




SOUNDCHECK:

«STRACHAN» - The Hitchers.

Visitei Dublin em 2011, para acompanhar no terreno a final da Liga Europa, e adorei a forma como os irlandeses olham para a vida.

Recordo uma noite passada num pub na zona de Temple Bar, com o meu colega e amigo Vítor Hugo Alvarenga. Música, futebol, alegria, pints.

Pois bem, esta banda (irlandesa, claro) reflete na exata proporção o que senti e vivi nessa noite. Fica aqui a música que os tornou famosos. Tudo em nome de Gordon Strachan.

She waited for the match to start to start a fight up with me.
She said, “what’s that you’re watching?”, “It’s a Programme about art”.
She said, “A Programme about art?”, I said “A programme about art”
and then the greatest midfield artist of them all walked out onto the park.
The crowd were on their feet and they whistled and they cheered




PS: «After the Disco» - Broken Bells.
James Mercer, o mentor dos The Shins, e Brian Burton (Danger Mouse) voltam com a irrecusável receita de pop luminosa e refrões dançáveis. Falta-lhe, julgo, a grandeza de musicalidade épica do primeiro álbum.

Este segundo trabalho da dupla Mercer/Burton abre de forma segura, e competente, com Perfect World. Depois oscila demasiado entre o banal, o previsível e, lá está, o verdadeiramente inspirado.

A melhor música do álbum é esta: Holding On For Life.




VIRAR A PÁGINA:

«BROKEN DREAMS» - de Tom Bower.
A investigação deste jornalista tornou-se um livro de culto. Quem o lê acaba a olhar para a apaixonante Premier League com menos certezas. Um dos alvos preferidos de Bower é Harry Redknapp, treinador com longa história no futebol inglês.

Terry Venables, outro reputado técnico, também não fica bem na fotografia. Ele e o bar que geria na altura, Scribes West. Paul Gascoigne e Vinnie Jones constam da lista de fregueses mais habituais. A coisa só podia dar para o torto.

DO MESMO AUTOR: LEIA AQUI TODOS OS «PLAY»


«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas, livros e/ou peças de teatro através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.