É um exercício angustiante, melindroso, talvez injusto. Desafiar o melhor amigo de Pelé a enunciar os cinco melhores jogos de sempre do Rei. Ora, importa lembrar que Pepe passou mais de dez anos a jogar ao lado de Edson de Arantes Nascimento. São muitos momentos, recordações fervilhantes, demasiada informação armazenada.

Mas Pepe aceita o repto lançado pelo Maisfutebol e até coloca o Estádio da Luz no mapa pintalgado pelo império de Pelé. Um império de ostentação, de luxúria, muitas vezes poético e lascivo.

Na opinião de Pepe - 40 vezes internacional, campeão do mundo em 1958 e 1962, segundo melhor marcador de sempre no Santos -, estas são as cinco mais belas amostras do Rei em campo:

Santos-Botafogo, 11-0: 21/11/1964, Campeonato Paulista

«Marquei um golo olímpico [canto directo] nesse jogo e ninguém falou nisso. Há uma explicação para isso, claro: o Pelé fez oito golos nessa partida.»

Brasil-França, 5-2: 24/06/1958, Mundial-58 na Suécia

«Com o Pelé e o Garrincha em campo, o Brasil deu festival. A França tinha uma bela equipa, com o Kopa e o Fontaine, e o Rei conseguiu marcar três golos. Um desses golos foi um chapéu lindo, perfeito, com duas abas e tudo.»

Brasil-Itália, 4-1: 21/06/1970, Mundial-70 no México

«Só fez um golinho nessa grande final, mas que golinho! Foi de cabeça, numa impulsão fantástica... Fez também aquele passe decisivo para o golo do Carlos Alberto.»

Benfica-Santos, 2-5: 11/10/1962, Taça Intercontinental, no Estádio da Luz

«Se calhar foi o melhor Pelé de sempre. Ele estava imparável. Marcou três golos e em dois entrou a driblar com a maior facilidade do mundo pelo meio da defesa. Num dos lances, ele até fintou um polícia que estava sossegadinho atrás da baliza.»

Santos-Inter de Milão, 7-1: 26/06/1959, em Valência

«Quatro golos contra uma equipa fantástica do Inter de Milão. Um menino de 19 anos a fazer o que queria de alguns dos maiores monstros do futebol de então.»