PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Ideias soltas, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera. PLAY.

SLOW MOTION:

«TOM MEETS ZIZOU» – de Aljoscha Pause.
Thomas Broich. Estrela da seleção sub-21 da Alemanha em 2002; maestro dos Brisbane Roar em 2013. Brisbane, Austrália. O que correu mal no trajeto deste talento germânico?

O documentário, lançado em 2011, acompanha Broich ao longo de oito anos. É um documento notável, um confessionário público. Broich tinha qualidade para ser grande. Não quis. É diferente, orgulhoso, convicto. «Um perigo», na opinião dos mais conservadores.

Chmam-lhe Mozart. Ouve música clássica, é viciado em literatura, toca guitarra e bebe vinho pela garrafa. Assume-se liberal e libertino. Não tem espaço nem tolerância para estar na Bundesliga. Por isso, fugiu.

«Pretendo representar uma certa filosofia e abordar tópicos que não têm lugar nesse campeonato», esclarece Broich, a dada altura.

Médio ofensivo, pés de ouro, inteligência acima da média. Cinco temporadas no principal escalão germânico, primeiro no Borussia Monchengladbach, mais tarde no Colónia e no Nuremberga.

Tem 32 anos, é compreendido e respeitado na Austrália. É feliz. A história de um futebolista especial, obcecado pelos feitos de Zizou Zidane.

«Ele não defendia bem, eu também não. Nenhum treinador precisa de lembrá-lo».



PS: «Malavita» - de Luc Besson.
Não é o Robert De Niro de Touro Enraivecido, Taxi Driver ou Tudo Bons Rapazes. Mas é Robert De Niro. Barbas longas, cabelo desgrenhado, ex-mafioso sob proteção do FBI numa vilazinha normanda.

Um papel à medida do meu ator favorito e uma interpretação a projetar, em menor escala, personagens ímpares na história da Sétima Arte.

Outrora Jake La Motta, Vito Corleone ou Travis Bickle, agora Giovanni Manzoni. Ah, a eterna Michelle Pfeiffer é a esposa. Irresistivelmente diabólica.



VIRAR A PÁGINA:

«I AM ZLATAN IBRAHIMOVIC» - de David Lagercrantz.
Dupla missão de salvação nacional contra a Suécia, más energias para cima de Zlatan, mezinhas caseiras, voodoo, magia negra... não, esqueçam, nada disso. Limitei-me a comprar a autobiografia do homem.

Vou a meio do livro e já decidido a manter a minha opinião sobre a criatura: convencida, inconsciente, arrogante, genial (em campo).

Ibrahimovic faz o que quer e sempre foi assim. Basta ler este exemplo:

«Adoro carros, mas às vezes guio como um doido. Eu e um amigo pegámos num Porsche novo e fomos explorar as estradas da Suécia. Carreguei no acelerador e chegámos aos 200 km/h. Quando abrandei comecei a ouvir as sirenes de um carro da Polícia. Não podia parar, pedir desculpa e entregar a minha carta de condução.

De repente já eram quatro carros da Polícia atrás de nós. Tínhamos uma matrícula holandesa connosco e colocámo-la rapidamente. Depois fomos até aos 240 km/h. O barulho das sirenes começou a desaparecer, a desaparecer. Parecia um filme. Ficámos escondidos num caminho subterrâneo e esperámos até tudo ficar seguro».

Mario Balotelli, afinal, é um menino.

SOUNDCHECK:

«COME ON YOU REDS» - dos Status Quo.

O cântico é uma adaptação de outra música dos veteraníssimos Status Quo: Burning Bridges
. Foi lançado um mês antes da presença do United na final da FA Cup de 1994. Tornou-se no segundo e último single destes dinossauros do rock a atingir o topo da tabela de vendas.

Reconhecem alguns dos cantores de ocasião? «Glory, glory, ManUtd!».



PS: «PEIXE:AVIÃO» - dos Peixe:Avião

Poucas vezes trago a este espaço bandas portuguesas. Não por preconceito, não por desatenção. Os tempos de adolescente impeliram-me para outras paragens sonoras, quase todas associadas ao indie/rock alternativo anglo-saxónico. Tenho contrariado esta tendência e procurado projetos realmente entusiasmantes criados na lusa pátria.

E assim descobri, há poucos meses, o disco mais recente dos Peixe:Avião. É provavlemente o melhor álbum nacional de 2013. Deixo este belíssimo «Pele e Osso» para escutarem sem pressa. De preferência, sentados no escuro e de olhos fechados. Percam-se.



«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas, livros e/ou peças de teatro através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.