Deu nortada na Taça: com as eliminações de Nacional e Estoril, os jogos desta quarta-feira deram-nos as meias-finais mais concentradas a Norte das últimas décadas. Do Porto a Braga, com passagens por Vila do Conde e Barcelos, o acesso ao Jamor, novamente a duas mãos, joga-se num percurso de apenas 88 quilómetros.

É preciso recuar quase 40 anos – 39 mais precisamente – para encontrar um registo semelhante: em 1976/77, tal como agora, FC Porto, Gil Vicente e Sp. Braga estavam entre os quatro resistentes, e o grupo ficava completo com o Fafe. Foi a única vez na história da Taça em que duas equipas dos escalões secundários (Gil Vicente e Fafe) chegaram a esta fase da prova no mesmo ano – embora acabassem eliminadas pelos favoritos, que tal como agora eram Sp. Braga e FC Porto.



Olhando para todo o historial da prova, uma curiosidade suplementar: as meias-finais geograficamente mais agrupadas aconteceram em 1941, quando os quatro semifinalistas (Belenenses, Benfica, Sporting e Unidos) eram todos da cidade de Lisboa. Nesta edição, com a queda do Estoril, as meias-finais voltam a ficar sem qualquer representante do distrito de Lisboa, algo que acontece pela sétima vez na história da competição – a última tinha sido em 2009/10, com Naval, FC Porto, Rio Ave e Chaves a decidirem entre si a passagem ao Jamor.

Rio Ave e Sp. Braga pelo terceiro ano consecutivo

Com o emparceiramento das meias-finais já definido, a curiosidade maior vai para a repetição, pelo terceiro ano consecutivo, do embate entre Rio Ave e Sp. Braga: em 2014, os vilacondenses saíram por cima, acabando por perder a final para o Benfica. Um ano depois, o Sp. Braga teve direito a desforra, e acabou batido na decisão com o Sporting. Se a isto juntarmos uma meia-final da Taça da Liga, favorável ao Rio ave, em 2014, há razões para pensar que este embate está a transformar-se num clássico das provas a eliminar.



Crónica do Rio Ave-Estoril
Crónica do Sp. Braga-Arouca

Mas apesar da regularidade de Sp. Braga e Rio Ave nesta fase da prova, as honras destes quartos de final vão, naturalmente, para o Gil Vicente, que vai decidir o acesso à final em duas mãos, com o FC Porto. A equipa de Barcelos chega às meias-finais pela segunda vez no seu historial e, tal como há 39 anos, jogando na II divisão. Aliás, o Gil fixou-se, nesta quarta-feira, como o maior tomba-gigantes em toda a história da Taça: foi a 10ª vez que afastou uma equipa do escalão principal jogando num campeonato secundário.



Diante do Nacional, desgastado pelo jogo com o Benfica na segunda-feira, os gilistas fizeram a segunda vítima do escalão principal, depois de já terem deixado o Tondela pelo caminho. O cabo-verdiano Pecks foi o herói da tarde, ele que também já tinha marcado nessa vitória sobre o Tondela (2-1).

Crónica do Gil Vicente-Nacional

Todos os tomba-gigantes na história da Taça

Gil Vicente, 10/8*
Famalicão, 9/0
Desp. Aves, 9/1
V. Setúbal, 7/10
E. Amadora, 6/2
Tirsense, 6/2
Sp. Espinho, 6/3
Olhanense, 6/5
Estoril, 6/7
Penafiel, 7/8
Feirense, 5/1
Chaves, 5/6
Académica, 5/15
Torreense, 4/1
Moreirense, 4/2
Portimonense, 5/3
U. Leiria, 4/4
Barreirense, 4/6
Varzim, 4/8
Marítimo, 4/11
Arouca, 3/0
Odivelas, 3/0
Vila Real, 3/0
Dragões Sandinenses, 3/0
Juventude Évora, 3/0
Cova da Piedade, 3/0
Sanjoanense, 3/1
Vizela, 3/1
Naval, 3/2
Sp. Covilhã, 3/3
Atlético, 3/4
P. Ferreira, 3/6
Leixões, 3/6
Salgueiros, 3/7
Santa Maria, 2/0
Oliveirense, 2/0
Bragança, 2/0
Ac. Viseu, 2/0
Vasco da Gama, 2/0
Sacavenense, 2/0
U. Coimbra, 2/0
Ol. Moscavide, 2/0
Lusitânia de Lourosa, 2/0
Leões de Santarém, 2/0
Fafe, 2/1
Felgueiras, 2/1
U. Madeira, 2/3
O Elvas, 2/3
Boavista, 2/7
Farense, 2/8
Beira Mar, 2/9
Oriental, 1/0
Alcochetense, 1/0
Mirandela, 1/0
Freamunde, 1/0
Valenciano, 1/0
Maia, 1/0
Ribeirão, 1/0
Tourizense, 1/0
Lixa, 1/0
Ol. Hospital, 1/0
Gondomar, 1/0
Esposende, 1/0
Ovarense, 1/0
Louletano, 1/0
Valonguense, 1/0
Valadares, 1/0
Silves, 1/0
Cartaxo, 1/0
Torralta, 1/0
O. Douro, 1/0
Peniche, 1/0
Riopele, 1/0
Marinhais, 1/0
E. Portalegre, 1/0
Alcobaça, 1/0
Esp. Lagos, 1/0
Cabeça Gorda, 1/0
Paredes, 1/0
Merelinense, 1/0
Vianense, 1/0
U. Lamas, 1/0
Lordelo, 1/0
U. Santarém, 1/0
Lamego, 1/0
Sesimbra, 1/0
Alhandra, 1/0
Amarante, 1-0
CUF, 1/1
Leça, 1/1
Alverca, 1/1
Carcavelinhos, 1/1
Santa Clara, 1/2
Amora, 1/2
Nacional, 1/4
Rio Ave, 1/7
V. Guimarães, 1/17

* O primeiro número é o total de vezes em que, jogando em escalões secundários, afastou equipas de primeira. O segundo é o total de vezes em que, estando na I divisão, foi vítima de tomba-gigantes.

É a 28ª vez que uma equipa dos escalões secundários chega a esta fase da prova. Só seis – V. Setúbal (duas vezes), Estoril, Farense, Leixões e Chaves – conseguiram chegar à final, e nenhuma até hoje logrou vencer o troféu. Pela frente, os gilistas vão ter o FC Porto, equipa que nunca conseguiram vencer na Taça, onde somam por derrotas os quatro jogos efetuados. Em 41 embates oficiais, as únicas quatro vitórias da equipa de Barcelos aconteceram para a Liga, a última das quais em janeiro de 2012, era Vítor Pereira o técnico portista.

Helton e os penáltis



Os portistas, que garantiram a 44ª presenças em meias-finais, somaram a nona vitória em 13 dérbis da Invicta para a Taça, com o Boavista. E devem-no, em boa medida, à frieza de Helton nos momentos decisivos: esta foi pelo menos a terceira vez que, com a camisola portista, o guarda-redes e capitão evitou que um penálti nos minutos finais resultasse em golo. A primeira, aconteceu em janeiro de 2010, quando segurou a vitória portista (3-2) diante do U. Leiria, no Dragão, detendo um remate de Rony em período de descontos. A segunda, em dezembro desse mesmo ano, obrigando o sadino Jailson a rematar por cima num penálti que o árbitro Elmano Santos tinha mandado repetir – o desfecho segurou a vitória por 1-0, tal como agora.

Helton também já tinha brilhado em São Petersburgo, ao deter um penálti do ex-colega de equipa Hulk, em novembro de 2013, para a Liga dos Campeões (na altura segurou o 1-1). E, antes disso, tinha ficado ligado ao triunfo do FC Porto na Taça de Portugal, detendo dois penáltis em Alvalade, numa eliminatória em que os dragões afastaram o Sporting no desempate, após 1-1 no fim do prolongamento.

Os jogos da primeira mão das meias-finais estão marcados para 3 de fevereiro.