O campeão da Europa cumpriu.

Portugal cumpriu!

Honestamente, temos de reconhecer que a Seleção tinha a obrigação de, num grupo com Suíça, Hungria, Ilhas Faroé, Letónia e Andorra, qualificar-se diretamente para o Campeonato do Mundo.

Teria essa obrigação mesmo sem o estatuto (e o caneco) que trouxe de Paris. Uma maior ainda, depois do feito.

Sim, há talento na Suíça, a Hungria já tinha criado problemas no Euro, e nota-se alguma evolução nas Ilhas Faroé, mas os maiores obstáculos estavam longe de parecer verdadeiras montanhas de dificuldade numa caminhada que só não foi mais tranquila por culpa da escorregadela em Basileia. Até nessa má entrada na qualificação, ainda a festejar o sucesso de Paris, a exibição, embora descontrolada em alguns momentos, não foi inteiramente para o lixo. Alimentou sim os helvéticos para uma caminhada imaculada até ao Estádio da Luz.

É verdade que é uma Seleção de um país pequeno, pobre, com um futebol pequeno, maioritariamente pobre, muitas vezes mesquinho e feio, o que deve valorizar ainda mais a décima qualificação consecutiva para uma fase final.

Só que não é também mentira que não há sombra de Cristiano Ronaldo, Pepe, Bernardo Silva, João Mário, André Silva, William Carvalho e tantos mais no metódico e organizado conjunto de Petkovic. Sim, é um grupo fiável, com umas pinceladas de artista de Shaqiri, e pouco mais. Portugal só podia estar já na Rússia!

Isso não abala a competência, a solidez e a atitude, muitas vezes convicção férrea de todos os jogadores e equipa técnica. Bem pelo contrário. Foi com a soma de todas estas virtudes que Portugal recuperou da derrota e continuou a pressionar o maior adversário já na Luz, depois de alguns momentos deficitários.

Portugal não foi, e não o é há algum tempo, brilhante. Mesmo assim, depois de um autogolo ter descomplicado grande parte do que o encontro oferecia, fechou a campanha com um dos seus melhores momentos em muito tempo: a jogada coletiva do golo de André Silva, que prova que a equipa tem muito mais para dar. A arte de Bernardo, a inteligência de Moutinho e os tais últimos metros garantidos pelo agora avançado do Milan. Fantástico.

Agora que está feito, festejemos! Retiremos também, se me permitem, um pouco de esperança num futebol melhor desse golaço pelo qual muitos de nós já suspiravam. 

O apuramento, reforça-se, é justo, merecido e... esperado.