O agrupamento nº11 do Corpo Nacional de Escutas era um grupo de rapazes atinados. A 5 de abril de 1950 criaram formalmente o Futebol Clube Vasco da Gama. Passaram do futebol popular ao futebol oficial. Transportaram para os pelados da bola a designação que tinham enquanto escuteiros.

Durante 11 anos, o clube andou pelos regionais da AF Porto a vestir camisola amarela e calções azuis. O alternativo era axadrezado, à Boavista. O clube portuense ofereceu o equipamento na tentativa de contratar Toninho Alexandre, o craque da altura. Sem sucesso. Toninho ficou em Paços de Ferreira e as camisolas aos quadradinhos também.

A troco de 200 escudos (um euro) oficializou-se a mudança de nome. O Vasco da Gama deixou de existir e originou o nascimento do Futebol Clube de Paços de Ferreira a 12 de agosto de 1961.

Foi já sob esta denominação que o Pacinhos, carinhosa alcunha dada pelos adeptos locais, passou a ser filial do F.C. Porto. Na temporada 1963/64, o clube deixou de lado a camisola amarela e optou por equipar de azul e branco, com listas verticais.

Este vínculo fortíssimo ao emblema das Antas estendeu-se por 19 anos. A 15 de março de 1981, em Assembleia Geral, o salão dos Bombeiros Voluntários encheu-se e escolheu as cores do concelho para as vestimentas do Paços: amarelo e verde.

40.500 escudos: uma transferência milionária

Até 1973 o Paços fez do Campo da Cavada a sua casa. A despedida foi feita a 16 de setembro numa vitória por 2-1 sobre o Sp. Lamego. A 7 de outubro inaugurou-se o Estádio da Mata Real, novinho em folha. Mais de seis mil pessoas apareceram para o primeiro jogo, frente ao Vianense.

Curiosamente, o nome do campo nasceu de um erro de pormenor. As instalações foram construídas na Ponte de Real e não na Mata de Real, como erradamente consideraram os responsáveis da época. A verdade é que o nome pegou e, até hoje, a Mata é a casa do Paços.

A chegada aos campeonatos nacionais ocorreu somente em 1973. Ano de ouro para o clube, está bom de ver. O Paços de Ferreira sagrou-se campeão regional e ascendeu à III Divisão Nacional. Os dias eram de glória.

Logo no primeiro ano, o Paços era campeão nacional e subia à II Divisão. O clube entrava definitivamente no léxico do futebol nacional e começava a criar jogadores de insuspeita categoria.

Canavarro, por exemplo, rendeu 40.500 escudos (202 euros), transferido que foi para o Sp. Braga. Uma fortuna!

A I Divisão em 1991, a Europa em 2007

A primeira aproximação séria à I Divisão teve lugar na época 1976/77. Uma derrota caseira diante do Riopele arruinou o sonho. Só 14 anos depois este se tornaria real. O Paços de Ferreira foi campeão da Liga de Honra e chegou finalmente ao escalão maior. Estávamos no ano de 1991.

Os homens da Capital do Móvel totalizaram 49 pontos, mais dois do que o Estoril e seis do que o Torreense. Na equipa, histórica, pontuavam nomes da estirpe de Caldas, Sérgio Cruz, Radi, Ferreirinha e Kasacov.

Daí para cá, o Futebol Clube de Paços de Ferreira tornou-se presença assídua e familiar na I Divisão. Deu ao mundo do futebol jogadores de inegável valia (Rui Barros, Jaime Pacheco, Barriga, José Mota, Adalberto, Cadú, Pedrinha, Paulo Sousa¿) e sempre a mesma imagem de rigor, abnegação e genuinidade.

O sexto lugar na época 2006/07 carimbou a primeira viagem ao espaço do futebol da UEFA. O AZ Alkmaar venceu por 0-1 no Estádio do Bessa, casa emprestada do Paços, e empatou a zero na Holanda. Um aperitivo interessante para o que está por vir?

[os nossos agradecimentos ao FC Paços de Ferreira, na pessoa do dirigente Paulo Gonçalves, pela cedência do livro 50 Anos de História, 1950/2000. Grande parte desta informação foi recolhida nessa obra].