A vida de Arménio Neto confunde-se com a do próprio Futebol Clube de Paços de Ferreira. Não é para menos. Este funcionário vive desde 1978 no Estádio da Mata Real. «Há 34 anos, sim senhor», confirma o próprio ao Maisfutebol.

A entrevista quase dispensa perguntas. Arménio Neto desfia pedaços desta relação especial, contos que se aglomeram numa memória incrivelmente fresca. «Antes de mim estava cá o meu sogro. Sou o sócio número 49 do clube e reformei-me há cinco anos. Agora o meu filho trata de quase tudo, mas continuo a trabalhar tanto ou mais do que antes».

O senhor Arménio chegou ao Paços para ser massagista. «Era maqueiro e enfermeiro na tropa. Tinha alguma habilidade para isso. Casei em 1963. Estou quase a fazer 50 anos de casado. Eu e a minha esposa vivemos para a família e para o Pacinhos».

Os tempos mudam, o amor é o mesmo. Arménio Neto lembra-se dos dias de «trabalho duro, muito duro». «Pegávamos na trouxa de roupa suja à cabeça e íamos lavar tudo ao rio. Dois quilómetros para lá e dois para cá. Ninguém imagina o que passávamos. Tudo por dedicação».

Esses eram os dias em que só no final da época a gratificação era verdadeiramente generosa.



«O nosso prémio na altura era ir uma semana para o Algarve no final da época. Marcávamos lá uns joguitos e aproveitávamos para passear».

Arménio Neto assistiu ao crescimento do clube. A tudo. Às subidas de divisão, aos festejos e ao dia-a-dia dos diferentes plantéis que passaram pela Mata Real.

«Nos últimos tempos os jogadores portam-se muito melhor. O mais maluco que apanhei cá foi o Renato Queirós. Sempre que aparece diz que eu sou o melhor roupeiro do mundo. O Pedrinha também era um tipo muito brincalhão», regista, sem qualquer pergunta do jornalista.

Apesar de já tudo ter visto, Arménio Neto percebe que o campeonato 2012/13 está condenado a fazer história.

«Melhor do que esta equipa só tivemos uma. Era treinada pelo senhor Ferreirinha, na segunda divisão. Foi no ano de 1983. E não subimos de divisão. Lembro-me de ver os jogadores dessa altura a ajudarem nas obras de arrelvamento do nosso campo». E conclui de forma desarmante.

«Se formos à Liga dos Campeões morro descansado».