Aos 25 anos, Luís Neto é um dos homens da confiança de Paulo Bento na defesa da Seleção Nacional. Numa longa entrevista ao Maisfutebol, o central nascido na Póvoa do Varzim antecipa o Mundial do Brasil, recorda a estreia frente ao Equador e detalha a influência de Cristiano Ronaldo no seio do grupo.

Paulo Bento, o selecionador, merece-lhe os maiores elogios, tal como João Moutinho, Pepe, Raul Meireles e Fábio Coentrão, alguns dos atletas mais relevantes ao dispor do técnico.

Luís Neto, atualmente no Zenit, sonha com a presença no lote dos 23 que vão ao Brasil e pede que as lesões não apareçam ao longo de 2014. Em discurso direto, aqui fica a conversa com um dos mais entusiasmantes valores do futebol português. 

Recorda-se do que lhe pediu Paulo Bento na sua estreia frente ao Equador?
«Na tarde do jogo veio falar comigo e disse-me que eu ia jogar. Só queria que eu fizesse o que ele via no clube e nos treinos da seleção. Falámos alguns minutos, mas não me pediu nada de extraordinário a nível tático, apenas que fosse o central que ele conhecia. O resultado não foi bom [derrota por 2-3], mas para primeira vez acho que estive bem, ao lado do Bruno Alves. Foi um bom ponto de partida e só agradeço a confiança depositada em mim. Sonhava com a seleção, mas não contava lá chegar tão cedo».

Que tipo de treinador identifica em Paulo Bento?
«Tem um princípio sempre presente: máxima liberdade, máxima responsabilidade. Prepara muito bem os jogos, tem um bom entendimento com todos os atletas, não fala muito, mas tem intervenções cirúrgicas e assertivas. É uma grande pessoa».

Esteve no grupo que eliminou a Suécia no play-off. Como é que viveu a noite de glória em Estocolmo?
«Na seleção sentimos e vivemos mais as coisas. Estamos a representar o país, somos uma elite. Tudo mexe connosco. Estar no Mundial do Brasil era especial e conseguimos. Trememos mas depois apareceu o Cristiano. Resolveu a partida e tivemos uma explosão de alegria. Basta ver a forma como celebrámos os golos. Foi uma grande sensação».

O Cristiano Ronaldo é o líder indiscutível da seleção?
«Claramente. É uma pessoa que faz questão de proporcionar bons momentos, sugere reuniões entre os atletas e momentos de convívio. Gosta sempre de ter uma boa conversa antes de dormir e de perceber como estão os colegas. É muito exigente, um grande profissional e está sempre atento aos pormenores todos. Ele fala e nós aceitamos porque acreditamos nele».

Está ansioso pelo Mundial?
«Há alguma ansiedade, mas tento levar as coisas com naturalidade. Mas quando não estava na seleção era mais simples, admito. Quando há uma pequena dor, uma pequena lesão, penso logo que a seleção está a chegar e eu não posso falhar. Nunca participei numa grande competição e é normal que, mesmo inconscientemente, tenha essas preocupações».

Acompanha os Mundiais desde pequeno?
«Ainda ontem [terça-feira] vi o Portugal-Coreia do Norte de 1966, na TVI24. Adoro esses jogos. Os estádios estão cheios. Recordo-me de vários jogos marcantes, mesmo de Portugal. O Mundial é o máximo, melhor não há. Vão estar lá os melhores do mundo e qualquer atleta quer viver isso. Sempre devorei os jogos dos Mundiais. Dei por mim a ver jogos entre Camarões e Japão, e outros teoricamente piores. É a festa do futebol: cadernetas, revistas e jogos na televisão».

Alemanha, Gana e EUA: o que lhe parece o nosso grupo?
«Portugal terá uma palavra forte a dizer. A Alemanha é forte candidata ao título, o Gana é uma das seleções africanas mais fortes e os EUA têm melhorado muito com o Klinsmann. Têm jogadores na Premier League e a própria MLS está mais interessante. O jogo de abertura, contra a Alemanha, dará um sinal importante daquilo que poderemos fazer. Vamos apostar na passagem da fase de grupos. Isso está ao nosso alcance».

«Temos o melhor do mundo e outros que podem fazer a diferença: João Moutinho, Pepe, Raul Meireles, Fábio Coentrão... quando não somos favoritos, nos momentos importantes, batemo-nos contra qualquer seleção. Exceção feita ao Mundial de 2002, demos sempre boas respostas nas grandes competições».

Leia AQUI toda a entrevista a LUÍS NETO