Foi-se a águia, foi-se a esperança, foi-se a Liga Europa, foi-se o campeonato, cumpriu-se a obrigação do triunfo final. As pernas de Enzo e Matic «ficaram» em Amesterdão e o Benfica teve dificuldades para bater um Moreirense que desce à II Liga, provavelmente de forma imerecida pelo futebol que mostrou. Não só aqui, na Luz, mas também pelos outros campos. Uma segunda parte irresistível deu três pontos à equipa da casa que, com o FC Porto já campeão na Mata Real, ouviu os adeptos a entoarem um cântico: «Benfica até morrer.»

Os encarnados não dependiam deles próprios para saírem da Luz campeões, neste domingo, mas a receção dos adeptos, antes do início do jogo, mostrou uma sintonia pouco normal na derrota de uma temporada. Reconhecimento, certamente, pelo empenho dos jogadores ao longo dos meses. As palmas no final da partida foram sinal disso mesmo. A equipa perdeu muito nas últimas semanas e fica agora com uma Taça de Portugal para disputar, o único troféu que pode vencer em 2012/13.

Um golo que já ninguém sofre

Estoril e Dragão, dois nomes que não saem da cabeça dos benfiquistas tão depressa, numa fácil análise ao campeonato. Durante longas jornadas, o Benfica foi brilhante, algo que não conseguiu ser nesta tarde na Luz, no primeiro tempo. As águias não tiveram intensidade, jogaram lento, sem dinâmica dos médios que carregam esta equipa. O Moreirense sabia que não podia ficar à espera, porém. Atreveu-se, com Ghilas logo no primeiro minuto a atirar ao lado, cara a cara com Artur.

O Benfica assumia o jogo, mesmo sem o ritmo alucinante em que tantas vezes jogou na Luz, mas com a qualidade técnica dos intérpretes. Por isso, Cardozo atirava ao lado numa grande oportunidade.

O jogo estava em lume brando. O Benfica à espera de notícias de Paços de Ferreira, o Moreirense a aguardar uma falha encarnada para poder assaltar a baliza de Artur. A primeira novidade na Luz não era boa. O FC Porto marcava em Paços e, vinte minutos depois, um erro incompreensível redundou no 0-1. O Benfica defendeu de forma quase amadora, deixou o Moreirense bater um livre rápido, Ghilas cruzou e Vinicius faturou, já depois de Salvio ter atirado duas vezes ao lado e antes de Lima cabecear ao poste.

Último golpe

O Benfica tem qualidade suficiente nos pés para, mesmo sem jogar em intensidade europeia, vencer o Moreirense. Por isso, quando meteu mais corrida no jogo, no segundo tempo, marcou. Ola John já tinha dado o lugar a Nico Gaitán que logo numa das primeiras ações cruzou para a cabeça de Cardozo. O paraguaio disse que sim, que esta tinha de entrar e o Benfica fazia o primeiro passo para a felicidade.

Lá longe, havia golo do FC Porto [2-0] quase ao mesmo tempo. Mas de nada valeria sonhar se não vencesse o Moreirense, agora cada vez mais remetido para a área de Ricardo Ribeiro, um guarda-redes que começava a ganhar protagonismo, com várias defesas, uma delas a desviar um golpe de Salvio para o ferro.

Era o Benfica em toda a plenitude do relvado, só dando azo a uma ocasião de Ghilas. O Moreirense ia despedir-se da Liga pouco depois. O avançado atirou ao lado, o mesmo fez Cardozo, o mesmo fez Gaitán num canto direto.

Mas só dava vermelho e quando Lima fez o 2-1 o marcador refletia justiça. Inácio ainda lançou um avançado, mas o poderio encarnado era demasiado para os de Moreira de Cónegos, tal como era o resultado em Olhão.

Por fim, o último golpe. Lima de penalty para o 3-1. O Moreirense em lágrimas, o Benfica com a obrigação cumprida e com um aplauso raro na Luz. Quando Lima bateu a penalidade, já o FC Porto fazia a festa. Os adeptos não ligaram e, mesmo com o campeonato perdido nas últimas semanas, despediram-se da equipa com uma ovação e com a esperança de que, para o ano, o campeão morará na Luz, como certamente os do Moreirense sonharão com um regresso à Liga