Paulo Fonseca foi entrevistado pelo Maisfutebol a 29 de janeiro de 2013. Recuperamos agora essa entrevista. O treinador que se prepara para assumir o banco do FC Porto fala aqui das suas referências como treinadores. Descreve os seus adjuntos, que deverão acompanhá-lo. E, a explicar como é desgastante o trabalho de treinador, revela que esta época adormeceu a ver o V. Setúbal-FC Porto...

Jorge Jesus foi treinador de Paulo Fonseca no Estrela da Amadora. Tornou-se uma das suas principais referências, principalmente pelo tratamento dado às questões táticas. Arsène Wenger, manager omnipotente do Arsenal, é outra das figuras que encanta o treinador do Paços de Ferreira. Tudo para ler nesta parte da entrevista concedida ao Maisfutebol.

As pessoas veem os treinadores no banco durante os jogos e nas conferências de imprensa. O que está por trás de tudo isso?

«As pessoas não imaginam as horas que damos à equipa. Os meus serões são passados a ver os nossos jogos, os jogos dos adversários ou em reunião com a minha equipa técnica. Há sempre muito para fazer. Nunca vejo telejornais ou filmes. Só futebol. Deito-me sempre tarde e durmo poucas horas. Adormeci, veja lá, a ver o V. Setúbal-F.C. Porto. Estava esgotado.

É uma função apaixonante e desgastante. Passo o tempo todo a pensar nisto. Gerir emoções é muito complicado. O grupo é extenso, as personalidades distintas e para funcionar temos de ser próximos dos atletas. Não acredito na liderança distante e fria».

Como é a relação com os seus três adjuntos?

«O Nuno Campos é da Costa da Caparica, o Pedro Moreira é de Pedras del Rey e estamos todos sozinhos aqui no norte. Só o Pedro Correia é de Paços de Ferreira. Ou seja, passamos imenso tempo juntos. Às vezes saímos do clube e, mal chegamos a casa, já estamos a falar ao telefone. Dou-lhes imensa importância e não os vejo como adjuntos. São mais do que isso. Não gosto de trabalhar com marionetas, nem pensar. Gosto da troca de ideias. Quem trabalha comigo sabe que tem de ser ativo e participativo».

Quais são os treinadores que mais admira? Quais as suas referências?

«Sempre admirei o Arsène Wenger. Lembro-me quando ele apareceu no Arsenal e da forma como pôs a equipa a jogar futebol. Dos meus treinadores, o melhor na abordagem tática foi o Jorge Jesus. Era extraordinário nisso. Tive muito prazer em trabalhar com o João Alves e adorei ser treinado pelo Norton de Matos e o Jean-Paul no Barreirense. Eram duas pessoas muito evoluídas. Gostei de ser treinado pelo Vítor Manuel e fiz a minha melhor época com o Augusto Inácio no Marítimo. Nunca tive qualquer problema com treinadores, mesmo quando tive pouca utilização».

O quarto lugar atual obriga o Paços a lutar pela chegada à Liga Europa?


«Seria um prazer enorme acabar a época nesta posição. Seria, acima de tudo, o reconhecimento por tudo o que temos feito. Sabemos que ainda falta muito, não é fácil manter este registo. Nós tínhamos estabelecido entre nós, inicialmente, o objetivo de chegar ao fim com 38 pontos. Faltam 13 para isso. Definimos também que 20 fazer pontos na primeira volta seria bom. Fizemos 25. Queremos o prolongar este trajeto ao máximo, embora as segundas voltas sejam sempre difíceis.

Temos o Sporting a subir de produção, por exemplo. Não vai ser fácil. A Europa não é um objetivo, mas se continuarmos a jogar com esta qualidade podemos lá chegar. Nesta altura, repito, não é uma meta por nós definida».

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(Artigo original publicado a 29 de janeiro de 2013)