Desculpe leitor, mas é altura de acertar contas. Com 2009, bem visto. O ano ainda vai curto, mal começou, por isso lanço um desafio: que tal se fosse um ano fantástico? Parece-me uma ambição perfeitamente razoável.

Só para contrariar quem diz que os jornalistas só sabem criticar, vou assumir um papel construtivo. É uma vez sem exemplo, prometo. Por isso aqui ficam dez sugestões para tornar o ano grandioso. O que me parece um número prudente.

O F.C. Porto troca o túnel de acesso aos balneários por um viaduto: os árbitros podem sair do relvado por uma passagem superior e devidamente iluminada. «Não temos nada a esconder», explica Pinto da Costa.

O E. Amadora institui uma nova forma de pagamento: o clube começa a pagar ordenados apenas duas vezes por ano, mas religiosamente a tempo e horas. António Oliveira justifica: «Não andamos aqui para enganar ninguém.»

Carlos Queiroz junta-se à manifestação dos professores: o seleccionador grita palavras de ordem no Marquês de Pombal, ao lado de Mário Nogueira, contra a avaliação da classe. «O meu trabalho não pode ser julgado pelos resultados.»

O Benfica torna-se mesmo o maior clube do Mundo. Seis anos depois de ter feito o anúncio, Vieira vê concretizada a ambição que tinha calculado para três anos. «Peço desculpa aos benfiquistas, fiz mal as contas.».

Jesualdo resolve o problema do lateral-esquerdo: O treinador do F.C. Porto anuncia ter encontrado a solução e adapta Hulk à posição: «É rápido, é explosivo e tem um remate potente... tem tudo para ser o novo Roberto Carlos.»

Mourinho marca um jantar com Manuel José. O treinador está disposto a acabar com as inimizades. Depois de fazer as pazes com Ranieri, tenta um antigo ódio de estimação. Para celebrar a reconciliação, leva a bebida. «Um vinho velho. Como tu.»

Eduardo Barroso candidata-se à presidência do Sporting. «Sou o único candidato com conhecimentos de primeiros socorros e suporte básico de vida». Naturalmente ganha. O ano termina sem se perceber se o clube vai sobreviver.

Carlos Freitas apresenta a demissão do Sp. Braga. O director-desportivo anuncia ser impossível manter qualquer tipo de comunicação com António Salvador e Jorge Jesus. «Pelo menos na língua portuguesa.»

Quaresma deixa o Inter e assina pelo Benfica: O extremo volta a ser infeliz numa aventura no estrangeiro e regressa a Portugal. Para representar o outro grande que lhe falta. «É um prazer ser o novo Eurico Gomes do futebol português», justifica.

Domingos vai à América do Sul observar um jogador. A Académica não faz a contratação, mas o país julga iniciada uma nova era no clube. Afinal não. «Avariou-se-me o leitor de DVD», justifica.

«Box-to-box» é um espaço de opinião da autoria de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreve aqui às segundas e quintas-feiras