Qual é o estado real dos estádios portugueses? O Euro-2004 terá sido a salvação para o futebol português, perante um quadro de estádios envelhecidos e em más condições? Quais são os casos mais graves? O director-executivo da Liga respondeu a tudo. Reconheceu problemas, mas evitou um cenário de catástrofe.

Maisfutebol -- Em traços gerais, qual é a situação dos estádios portugueses?

José Guilherme de Aguiar -- Sabemos que não é a ideal. Há alguns estádios que estão profundamente envelhecidos, precisam de remodelações que nalguns casos são de fundo. É um diagnóstico que estamos a fazer e que com certeza deve ser tido em conta. Mas gostava de deixar uma coisa bem assente: as exigências que impomos de segurança e de funcionalidade são bastante grandes. Pode haver estádios que para nós não sirvam para entrarem nas nossa competições e possam servir para outras. Por vezes, acontece isso em jogos da Taça. Mas o panorama está a ser analisado: há melhorias que têm que ser feitas, obviamente que sim. Por exemplo, sabemos que um clube que suba da II Divisão B à II Liga tem, geralmente, algumas dificuldades para cumprir alguns ítens, porque há determinadas infra-estruturas que podem não estar logo asseguradas. Por isso mesmo é que criámos regras que impomos a todos.

MF -- Que regras são essas?

JGA -- A Liga, desde 1995, tem vindo a impor um conjunto de normas que visam o aumento da segurança e do conforto. Têm a ver com coisas como assegurar condições para o árbitro enviar o relatório do balneário, do observador e do delegado da Liga mandarem os respectivos faxes de outros pontos do campo; a marcação de lugares para os espectadores; separar os adeptos visitados dos visitantes; melhorar as acessibilidades; marcar as áreas reservadas ao delegado ao jogo, aos árbitros... Enfim, um conjunto de medidas que melhora toda a realização de um jogo. Acho que toda a gente reconhece esse nosso trabalho. Alguma vez se tinha visto existir um departamento no estádio especificamente para a organização do jogo, onde se reúne o delegado da Liga, o comandante das forças de segurança, o director de campo do clube visitado...

MF -- Não haverá o risco de haver uma disparidade entre os estádios que vão entrar no Euro-2004 e os outros?

JGA - Isso irá acontecer, inevitavelmente. As novas Antas, Alvalade, a Luz, Aveiro, Faro, Guimarães, Braga, o Bessa, Coimbra, enfim, todos os estádios que vão participar no 2004 claro qe vão ter condições fantásticas, se comparadas com os outros que não vão entrar no evento. Mas essa será uma diferença inevitável. O que nós podemos prometer é que vamos também exigir condições que consideramos fundamentais para serem estádios a acolherem jogos da I e II Liga. Isto significará, em muitos casos, que alguns dos estádios mais antigos tenham, muito em breve, que sofrer beneficiações para poderem continuar a cumprir esses requisitos mínimos.

MF -- E são muitos os estádios que vão precisar de obras?

JGA - São alguns, mas também não são assim muitos...

MF -- Guimarães e o municipal de Coimbra são dois deles?

JGA -- Sim, são dois estádios que poderão ter que precisar de obras. Esses dois e mas alguns. Mas insisto que a situação não é grave. E obviamente que nos casos de estádios que precisarão de beneficiações, julgo que o Estado deverá comparticipar com parte dos custos, do mesmo modo que o fez para os estádios que vão acolher o Euro-2004.

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