José Augusto é uma das pessoas mais avalizadas para falar sobre nandrolona em Portugal. Autor de vários trabalhos sobre biologia e fisiologia do desporto, este professor da Faculdade das Ciências do Desporto e de Educação Física (FCDEF) reservou uma semana inteira do seu tempo a consultar bibliografia sobre o tema, numa tentativa de perceber as razões que levaram Quim a ser «apanhado» com um valor proibido. 

«O Quim telefonou-me, desesperado, a pedir ajuda. Garantiu-me que não tomou nada e que estava a ser vítima de uma grande injustiça. Sou amigo dele e vou fazer os possíveis para tentar mostrar que ele não tem culpa de nada», revelou ao Maisfutebol este especialista em biologia e fisiologia do desporto. Solidário com o bracarense, José Augusto arregaçou as mangas e leu. Leu muito. Relatórios médicos, artigos científicos, livros sobre doping. E já chegou a algumas conclusões: «Nestas coisas do desporto, a hipótese de um atleta se dopar é sempre possível. Chamo a isso batota química. Mas estou absolutamente convencido da inocência do Quim. O que aconteceu ao certo não sei. Pode ter sido uma produção endógena, ou seja uma fabricação do próprio corpo. Pode ter tido a ver com produtos que tomou, que na rotulagem não especificavam algumas substâncias que têm...»  

A produção endógena é, para José Augusto, uma série hipótese a colocar. Um desportista pode acusar nandrolona a mais por via metabólica. A nandrolona tem a ver as hormonas sexuais masculinas. Várias razões poderão provocar um súbito aumento nos valores: «A indução hormonal é muito provável. Muitas pessoas ficam com valores acima dos dois nanogramas não tendo tomado nada de proibido. Por isso é que esse valor está a ser tão contestado». Mas há mais cenários: «Além da fabricação endógena, da via patológica, ou dos suplementos contaminados, a própria cadeia alimentar pde contribuir para o ultrapassar dos valores. São dúvidas a mais para se poder estar a condenar um futebolista».  
 

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