No pó do pelado, corria atrás da bola com as chuteiras a pedirem mais um pontapé e um remate certeiro. Em São João da Madeira, sua terra natal, Secretário começou a lufa-lufa do futebol com o símbolo da Sanjoanense ao peito e a ambição de representar um grande cravada no pensamento. Tinha 14 anos e um extenso mar de esperanças à frente. Como todos os miúdos daquela idade. 

Da infância, as recordações são positivas, ao contrário de muitos talentos do futebol português. A família dedicava-se ao ramo industrial, o que permitia uma vida recatada e sem grandes dificuldades económicas. Apesar do dinheiro e da riqueza material visível, a humildade foi sempre a palavra que melhor encaixou na filosofia de vida dos pais, pois nunca se deslumbraram com luxos supérfluos. 

Quando Secretário menos esperava, a fantasia tornou-se na realidade. Em 1985, um olheiro do Sporting viu-o jogar e a possibilidade de vestir a camisola de uma equipa com outras ambições desenhou-se no horizonte, em tons de verde. Na altura, o prospector de talentos era amigo da família, facto óbvio e que teve a sua natural influência no ingresso em Alvalade. 

Quem o conhecia não o rotulava de craque, nem de virtuoso, mas apenas de bom jogador. O suficiente para ser uma das figuras em evidência na Sanjoanense da altura. A forma como se entregava dentro das quatro linhas dava nas vistas e provocava impacto junto do público, características que consumaram a sua viagem para Lisboa, onde iria representar o Sporting. 

Os outros textos 

1. Secretário em entrevista: «Jogo com a Holanda marcou a viragem» 

2. Factos e números 

3. A carreira 

4. Diz quem o conhece 

5. A reconciliação com o «tribunal» das Antas 

6. Envie-nos a sua opinião 

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