Não consegue disfarçar: Secretário sente-se mais leve e sorridente. A cada abordagem responde com simpatia, esboçando sorrisos, à medida que a voz transborda tranquilidade. As pazes com os adeptos foram feitas e o público rendeu-se à imaculada exibição frente à Holanda, o ponto de viragem no litígio criado pelos espectadores em relação ao defesa-direito do F.C. Porto. 

Agora tudo é diferente. Em cada jogo sente o apoio da massa associativa, sempre que toca na bola, enchendo-lhe o ego de confiança. Por isso, recusa-se a recordar os maus momentos do passado: «Nesta altura, já não faz sentido falarmos das coisas más. O importante é estar tudo bem», explicou ao Maisfutebol, de uma forma muito educada e com a preocupação de não ferir susceptibilidades. Compreendemos. 

Com a filha ao colo, Secretário prontificou-se a responder às nossas questões sobre o seu presente e encarou-as com naturalidade. Em todas as perguntas foi incapaz de disfarçar a boa disposição que lhe invade a alma, ao mesmo tempo que aconselhava a menina a fazer pouco barulho para não interromper a conversa. Servindo-se sempre de um tom amável e ausente de qualquer esforço. 

Nas respostas às cinco questões, o jogador fez algumas revelações importantes. Por exemplo, que já sentia saudades de receber aplausos do público e que esta reacção dos espectadores é uma espécie de viagem ao passado. Mas antes da magnífica exibição na Holanda já conseguia efectuar bons jogos e não poupa elogios aos colegas, à equipa técnica do F.C. Porto, a Reinaldo Teles e a Pinto da Costa. Todos foram importantes para o renascimento de Secretário. Maisfutebol registou: 

- Depois de uma enorme onda de contestação, agora vive os melhores dias da sua vida?

- Também não é bem assim, porque este não é o momento mais feliz da minha vida. Acima de tudo, sinto-me muito satisfeito por voltar a ser acarinhado pelos adeptos e isso tem reflexos dentro do campo, ou seja, as coisas saem melhor. O facto de sentir apoio dos espectadores é muito importante para mim, como para qualquer jogador de futebol. 

- Passou-lhe pela cabeça que a reconciliação com os adeptos nunca seria possível?

- O que lhe posso dizer é que estava com saudades de sentir tudo aquilo que estou a sentir agora. Estava com saudades de reviver o passado, no qual passei por grandes momentos ao serviço do F.C. Porto. Aliás, sempre fui um jogador muito acarinhado pela massa associativa. 

- Tem consciência que se não fosse a magnífica exibição na Holanda, o litígio dos adeptos em relação a si ainda se mantinha?

- De certa forma sim. Sei perfeitamente que o jogo frente à selecção holandesa marcou a viragem. Nesse desafio, mostrei todo o meu valor e as pessoas aperceberam-se disso e reconheceram a minha exibição. Mas o papel dos meus colegas foi muito importante, que estiveram sempre ao meu lado. O público também me aplaudiu nesse jogo e tudo isso foi muito importante. No entanto, mesmo antes do encontro com a Holanda, as coisas já me estavam a correr melhor no F.C. Porto, isto é, já estava a jogar bem. 

- Foi uma surpresa para si a reacção do público no jogo com o Guimarães, logo após o encontro frente à Holanda? Ou seja, esperava tantos aplausos, quando tocava na bola?

- Lembro-me que após o jogo com a Holanda o presidente do F.C. Porto elogiou a minha prestação em campo e isso encaminhou o processo para este desfecho. As suas palavras foram decisivas e ajudaram-me. É evidente que o público colocou-se logo do meu lado e todos ficámos a ganhar. Por exemplo, agora, o F.C. Porto tem um jogador a render mais e os espectadores sentem-se mais satisfeitos com isso. 

- Há pouco falou dos colegas de profissão, para além deles quem mais o apoiou nas horas difíceis?

- O apoio veio um pouco de todo o lado, não só do F.C. Porto. Os meus colegas foram muito determinantes, assim como a ajuda de Reinaldo Teles e da equipa técnica. Todos foram excepcionais. E, claro, as palavras de Pinto da Costa também foram fundamentais. 

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