Bem disposto e compreensivo, João Pinto abandonava o treino dos juniores do F. C. Porto como se estivesse a sair de um jogo importante, com as chuteiras a acusarem muitos pontapés na bola. Secretário sucedeu ao mítico defesa azul e branco no onze sagrado do clube das Antas, numa altura em que Bobby Robson comandava os destinos dos dragões (95/96).
«Lembro-me bem quando se estreou com a camisola do F.C. Porto. Nas vésperas tinha dado uma entrevista a elogiar o atleta que jogava na posição dele, o médio-ala. Na altura, alertei-o para não fazer isso. Mal sabia que anos mais tarde me iria substituir. Mas ainda bem que foi o Secretário. Sempre disse que gostava que o meu sucessor fosse português», recordou.
João Pinto mudou depressa o tom de voz, porque não foi fácil recordar os momentos maus do seu antigo colega. Pensa pouco antes de responder e deixa o coração falar por si. «O futebol é mesmo assim. Hoje estamos por cima, mas amanhã podemos estar por baixo. Passou por situações complicadas, mas só um profissional como ele, exemplar, digno da camisola da selecção e do F. C. Porto, seria capaz de dar a volta por cima», afirmou.
Os outros textos
1. Secretário em entrevista: «Jogo com a Holanda marcou a viragem»
3. A carreira
- A dar nas vistas na Sanjoanense
- O Sporting, as saudades da família e a ida para o F. C. Porto
- Veredicto: emprestado
- No lugar de Jaime Magalhães
- De extremo a lateral
- Dias negros em Madrid
- De volta às Antas
4. Diz quem o conhece
- Fernando Santos (treinador do F. C. Porto): «Pu-lo a jogar contra tudo e todos»
- António Oliveira (seleccionador): «Muitas vezes injustiçado»
- Chendo (ex-jogador do Real Madrid): «Se calhar faltou-lhe regularidade»
- Humberto Coelho (ex-seleccionador): «Correspondeu sempre»
- Vítor Manuel (treinador do Salgueiros): «O nome dele saiu na rifa...»
- Costa Soares (F. C. Porto): «Sempre teve grande carácter»
- Aurélio Pereira (Sporting): «Era sportinguista desde pequeno»
- José Mina (Sanjoanense): «Não era um craque, mas sobressaía»