Aurélio Pereira foi o treinador de Secretário na passagem do agora portista pelo Sporting. 

O «miúdo» que Aurélio Pereira conheceu nos juvenis de Alvalade deixou no ainda técnico das camadas jovens leoninas «recordações especiais», que até valeram a oferta, por parte de Secretário, «de uma camisola de quando foi campeão nacional pelo Porto». 

«Era um miúdo de certo modo introvertido, até com alguma dificuldade inicial de relacionamento devido a essa característica da sua personalidade. Depois adaptou-se e teve sempre um comportamento exemplar», recorda Aurélio Pereira, acrescentando que «ele era sportinguista desde pequeno». 

«Há um detalhe muito importante na história da vinda do Secretário para o Sporting: estávamos quase em início de época e o orçamento tinha praticamente esgotado. Então, foi o próprio pai dele quem pagou a transferência à Sanjoanense», conta o treinador, assinalando que «naquela altura já estávamos a falar de qualquer coisa como 700 contos.» 

O pai, que tanta vontade tivera de ver o jogador em Alvalade, acabou por estar directamente relacionado com a saída para as Antas, um ano depois, segundo diz Aurélio Pereira: «Não estou bem dentro do assunto, mas acho que teve a ver com um desentendimento entre o pai dele e o departamento de futebol juvenil. Houve também alguma pressão do F. C. Porto, que lhe terá oferecido condições que nós não dávamos. Tive muita pena que ele saísse, mas também sei que o futebol é assim.» 

Aurélio Pereira lembra-se de «um médio-ala direito que já naquela altura demonstrava propensão para fazer todo o flanco», daí que não o tenha espantado a posterior adaptação a lateral. «Tinha (e tem) um excelente posicionamento táctico, ao qual aliava velocidade, controlo e condução de bola muito bons. Normalmente, são adaptados a defesas-laterais precisamente os jogadores com algum índice técnico.» 

O ex-treinador de Secretário não se estende por aí além a propósito dos maus momentos vividos recentemente pelo jogador. Lembra apenas «um gesto na final da Taça para com os adeptos do Sporting que nada tem a ver com ele» e prefere prognosticar que «a sua maturidade vai ajudá-lo a terminar a sua carreira ao nível do jogador internacional que é». 

«Ainda tem muito para dar ao futebol, como recentemente provou no Holanda-Portugal», conclui Aurélio Pereira. 

Os outros textos 

1. Secretário em entrevista: «Jogo com a Holanda marcou a viragem» 

2. Factos e números 

3. A carreira 

4. Diz quem o conhece 

5. A reconciliação com o «tribunal» das Antas 

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